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Violência em Niterói: furtos, roubos e homicídios aumentaram em janeiro
Registros de roubo a estabelecimento comercial aumentaram cinco vezes, enquanto homicídio culposo cresceu dez vezes
Violência em Niterói: furtos, roubos e homicídios aumentaram em janeiro
Foto do autor A Tribuna A Tribuna
Por: A Tribuna Data da Publicação: 28 de março de 2025FacebookTwitterInstagram
Casos de assaltos explodiram em janeiro de 2025, na cidade de Niterói - Foto: Reprodução

Janeiro de 2025 foi um mês de alta nos registros de vários tipos de crimes em Niterói. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, o indicador roubo a estabelecimento comercial aumentou cinco vezes, enquanto o homicídio culposo cresceu dez vezes.

As estatísticas do instituto revelaram que dois pontos comerciais foram roubados no primeiro mês de 2024, contra doze no mesmo período deste ano, o pior quadro desde 2022. Foi quase um caso a cada três dias.

Outros tipos de roubos também tiveram aumento de casos no município: de veículo (40%: 20-28) e de rua (49%: 98-146), que apresentaram o pior resultado desde 2021, a transeunte (46%: 70-102), e de aparelho celular (95,45%: 22-43).

A dificuldade dos comerciantes em trabalhar com tranquilidade e segurança ficou evidente no dia 7 de janeiro. Dois homens assaltaram, a mão armada, uma banca de jornal na esquina da Rua Visconde de Morais com a Presidente Pedreira, no Ingá, Zona Sul da cidade.

O proprietário do estabelecimento, Lucas Gonzaga contou ao jornal A Tribuna que o crime ocorreu no final do expediente, por volta das 22h54, quando as mercadorias já haviam sido colocadas do lado de dentro da Tabancaria Ingá.

 

Banca de jornal no Ingá foi assaltada pela primeira vez - Foto: Google Street View

 

O bandido levantou a camisa e mostrou a arma para o atendente, que inicialmente se recusou a entregar o dinheiro. Após muita pressão, o ladrão levou R$ 100 antes de fugir em uma moto com um comparsa.

"Não tivemos mais nenhum evento de assalto a mão armada desde janeiro, mas em relação a furto e moradores de rua, está bem difícil. A gente está na pior fase. Acho que é a fase que eu menos me sinto seguro é hoje em dia", disse Lucas, que já havia sido roubado em dezembro de 2024.

De acordo com registros do jornal A Tribuna, foram registrados quatro casos de roubo a banca de jornal em Niterói em janeiro de 2025. 

 

Ladrão acenou para o comparsa antes deles fugirem de moto - Fotos: Reprodução

 

Ladrão mostrou arma e pressionou atendente a passar dinheiro - Fotos: Reprodução

 

"Eu trabalho há dez anos com banca e nunca vi uma fase com tantos furtos e roubo. Nossos funcionários estão preocupados com a rua deserta. Eu estou sempre de olho nas câmeras, melhorando a segurança, vamos botar alarme, demos uma reforçada nas portas, e, mesmo assim, eles conseguem entrar", complementou o jornaleiro.

O total de roubos ocorridos em Niterói também subiu: foram 152 registros em janeiro de 2024, contra 213 no mesmo mês de 2025, um crescimento de 40%.

 

Alta nos casos de furtos

O número de furtos também teve alta. De acordo com dados do ISP, foram 42 casos de furto a transeunte no primeiro mês do ano passado, contra 46 no mesmo período desde ano, alta de 9,52%. Furto de celular e bicicleta também aumentaram: 77% (60-106) e 87,23% (47-88).

Os números do Instituto de Segurança Pública mostram também uma alta nos outros tipos de furtos. Foram 318 ocorrências em janeiro de 2024, contra 445 no mesmo mês deste ano, um crescimento de 40%. Já o total de furtos teve crescimento de 38%: 543-750.

No dia 6 de janeiro, uma jovem de 16 anos e moradora da Região Oceânica de Niterói teve a bicicleta furtada por volta das 15h49, no bicicletário da academia Body Intensity, que fica na estrada Francisco da Cruz Nunes, em Itaipu.

 

Ladrão furtou bicicleta que estava estacionada - Foto: Reprodução

 

Ladrão furtou bicicleta que estava estacionada - Foto: Reprodução

 

A vítima chegou a colocar cadeado no veículo, mas não adiantou. O criminoso, uma pessoa em situação de rua, pegou um objeto pontiagudo do bolso e rompeu a tranca.

"Nos dá uma falta de segurança muito grande. Eu moro a 100 metros da academia. Nesse dia eu estava em casa. Quando a minha neta pegou a bicicleta, eu falei: 'não precisa, porque já estava acontecendo muitos roubos de celular ali, mas ela pegou e foi'. Dá um vazio na gente", disse o aposentado e comerciante de veículos Gilberto Ruiz Gomes, avô da jovem.

O caso não chegou a entrar para as estatísticas, uma vez que a vítima não conseguiu registrar ocorrência por falta de nota fiscal da bicicleta, que foi um presente dos bisavós. 

"Esses caras, infelizmente, são os dependentes químicos e vendem por qualquer preço, mas para nós, a perda foi muito grande, porque foi algo dado com muito carinho. Algo prometido durante 2024. Ela aguardou chegar ao final do ano para poder ganhar a bicicleta, e usou pouco, com medo de andar. A ficha não caiu", explicou Gilberto.


Crimes violentos

Alguns crimes mais violentos também apresentaram alta. No primeiro mês de 2024, ocorreu apenas um homicídio culposo em Niterói, contra onze no mesmo período de 2025, um aumento de dez vezes nos registros. A média foi de quase um caso a cada três dias.

Já os indicadores de homicídio doloso, crimes violentos letais intencionais tiveram zero casos no início do ano passado, contra quatro ocorrências este ano.

No dia 4 de janeiro, um jovem de 22 anos, identificado como Gabriel Alves Ferreira, foi encontrado morto dentro de uma geladeira na avenida do Contorno, em Niterói. De acordo com a Polícia Civil, o universitário havia desaparecido no primeiro dia do ano, após passar a virada do Réveillon na Praia de Icaraí com amigos.

 

Gabriel Alves Ferreira morreu após pegar a arma de um traficante - Foto: Reprodução

 

Segundo os policiais, o jovem tentou separar uma briga na festa. Um dos criminosos, do Morro do Palácio, sacou uma arma e deixou ela cair durante a confusão. Gabriel teria pegado o objeto, jogado na mata e fugido.

“O Gabriel se desesperou e, por impulso, pegou a arma”, disse a namorada dele, Maria Eduarda Casanova.

Gabriel estudava educação física e sonhava em se tornar preparador físico. A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) apura o crime, mas até hoje ninguem foi preso.

Um dos pontos que precisa ser esclarecido pela polícia é quando Gabriel foi morto. Também falta saber a causa da morte do jovem e a autoria do crime. Os investigadores querem saber também como o cadáver do universitário acabou parando dentro de uma geladeira em Niterói.

 

O que diz a PM

Procurada, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que "o combate aos roubos e furtos do patrimônio público e privado tem sido uma das principais metas de atuação do comando da Corporação, tendo como prioridade além da redução dos índices criminais em todo o território fluminense, o aumento da sensação de segurança da população".

Para combater os casos de roubos e furtos de transeuntes em sua área de policiamento, o comando do 12°BPM (Niterói) definiu uma estratégia de patrulhamento com o emprego de motopatrulhas  e viaturas em toda sua área de policiamento.

A atividade obedece a critérios estratégicos e análises das manchas criminais das regiões, sendo distribuído de maneira dinâmica e com maior mobilidade no emprego das equipes que atuam na repressão às ações criminosas.

Além disso, o 12°BPM (Niterói) trabalha em parceria com as delegacias para identificar e prender os criminosos envolvidos nesse tipo de delito.

A SEPM relembra a importância do acionamento das equipes para casos imediatos, através da Central 190 e do App RJ 190, assim como a importância dos registros dos crimes nas delegacias, o que proporciona um direcionamento das análises das manchas criminais locais mais preciso e efetivo.

Também procurada, a Secretaria de Estado de Governo, responsável pela Operação Segurança Presente de Niterói, não respondeu à demanda do jornal A Tribuna.

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