Uma farmácia da rede Drogaria Pacheco foi assaltada na noite de sexta-feira (1), em São Francisco, Zona Sul de Niterói. Segundo funcionários, o crime foi cometido por um grupo de travestis armadas com facas, tesouras e armas de choque — o mesmo padrão de atuação observado em outros ataques recentes na cidade.

O caso aconteceu por volta das 22h45, na unidade da Avenida Presidente Roosevelt, nº 182. As criminosas invadiram o local, ameaçaram a gerente e levaram dinheiro do caixa, além de produtos de alto valor da geladeira de medicamentos, como as insulinas Monjaro, Pique e Igov — cujos preços passam de R$ 1 mil cada.

"Elas entraram com faca, usura, arma de choque... Levaram tudo. Ameaçaram a gerente. Foi feio, foi bem feio mesmo", relatou uma funcionária de outra farmácia que também já foi alvo do grupo.

Segundo ela, as drogarias vem mantendo contato para trocar informações e se protegerem. “A gente está bem preocupado, acabou a descrição. Agora é na cara mesmo, na ameaça”, desabafou.

Agentes do Segurança Presente foram acionados e fizeram buscas pelas ruas do bairro, mas até o momento ninguém foi preso. O caso foi encaminhado à 77ª DP (Icaraí), que investiga a quadrilha.

Ataques em série

O novo assalto reforça a suspeita de que uma mesma quadrilha esteja por trás de uma série de crimes violentos em Niterói. A atuação do grupo vem sendo investigada desde o início de julho, quando dois homens foram esfaqueados na mesma noite nas imediações do Ingá — um deles identificado como Michel, atingido no tendão do braço. Ele foi socorrido ao Hospital do Ingá e, segundo testemunhas, correu pela Rua Pereira Nunes pedindo ajuda.

Desde então, comerciantes e funcionários de farmácias vêm relatando ações semelhantes: travestis armadas com armas brancas e armas de choque, usando um carro clonado (Fox prata, de Angra dos Reis) para fuga, invadem os estabelecimentos no fim da noite e somem antes da chegada da polícia.

"Estamos pedindo pelo amor de Deus para que alguém consiga pegá-las", clamou uma funcionária de farmácia. “Elas estão armadas com canivete, estilete e arma de choque. Não estão mais se escondendo, entram e intimidam.”

Na semana anterior, o grupo teria assaltado outra unidade da Drogaria Pacheco em Pendotiba. Testemunhas disseram que cinco criminosas participaram da ação e ameaçaram o administrador da loja com uma arma de choque. “Estamos clamando por socorro. Não podemos mais trabalhar”, disse um comerciante da região.

Além de Pendotiba, há registros da quadrilha agindo em Santa Rosa, na Rua Dr. Paulo César, e também nas avenidas Presidente Backer e Roberto Silveira, em Icaraí. Em todas as ações, os relatos são semelhantes.

Polícia acompanha

A Polícia Militar e a equipe do Segurança Presente continuam monitorando o grupo. Em uma das ocorrências, policiais tentaram interceptar o veículo usado pela quadrilha na Ponte Rio-Niterói, mas a quadrilha conseguiu escapar. Câmeras de segurança dos estabelecimentos estão sendo analisadas.

A 77ª DP abriu um inquérito para apurar os ataques e tentar identificar os integrantes da quadrilha. O delegado titular, Vilson de Almeida, confirmou a investigação, mas não divulgou detalhes para não comprometer a apuração.

A Polícia Civil pede que qualquer informação sobre os crimes ou o paradeiro do grupo seja repassada de forma anônima ao Disque Denúncia, pelo número (21) 2253-1177.