Uma investigação revelou que o laboratório PCS Lab Saleme, envolvido em transplantes de órgãos infectados por HIV, reduziu o número de testes de controle de qualidade por razões financeiras. A apuração inicial foi feita pela TV Globo, que teve acesso ao depoimento de Ivanilson Fernandes dos Santos, técnico responsável pelos exames.

Ele foi preso e afirmou à polícia que a redução dos testes ocorreu devido ao alto custo dos reagentes usados nas máquinas analíticas, o que comprometeu a precisão dos resultados. Segundo Ivanilson, a mudança foi determinada pela coordenadora do laboratório, Adriana Vargas, em 2024.

Ivanilson declarou que os testes de controle, anteriormente diários, passaram a ser semanais, aumentando o risco de falhas nos exames. Ele atribuiu a orientação à necessidade de economizar, e destacou que isso poderia comprometer a qualidade dos laudos, como os que liberaram órgãos contaminados para transplantes.

Além de Ivanilson, o médico Walter Vieira, sócio do laboratório, também foi preso. Ele responsabilizou o coordenador de biologia, Cleber de Oliveira Santos, pelo erro nos exames de HIV. Cleber está foragido.

Outro erro grave associado ao laboratório envolveu um falso positivo para HIV, que fez com que uma bebê recém-nascida recebesse tratamento inadequado por 28 dias. A mãe, Tatiane Andrade, também sofreu com os impactos do erro.

O laboratório PCS Lab Saleme informou que está oferecendo suporte médico e psicológico aos pacientes afetados e afirmou que um terceiro teste deu o resultado correto no caso da bebê. A Secretaria de Saúde do Estado do Rio suspendeu o contrato com o laboratório e criou uma comissão para apoiar os pacientes.