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Dimas quer investir nos jovens de São Gonçalo
Deputado e candidato à prefeitura critica atuais investimentos, a partir da venda da Cedae
Dimas quer investir nos jovens de São Gonçalo
Foto do autor Saulo Andrade Saulo Andrade
Por: Saulo Andrade Data da Publicação: 27 de setembro de 2024FacebookTwitterInstagram
Fotos: Júlia Paiva/A Tribuna



ENTREVISTA: MARCUS LACERDA. REPORTAGEM E TRANSCRIÇÃO: SAULO ANDRADE. 

O médico sanitarista e deputado federal Dimas de Paiva Gadelha Júnior (PT) já foi secretário de Saúde de São Gonçalo e de Políticas Sociais, Estratégicas e Gestão de Metas da Prefeitura de Maricá. Paraibano de Souza, mudou-se para São Gonçalo – segundo maior colégio eleitoral do estado – aos 13 anos de idade, para investir na carreira de médico.

Na última eleição para prefeito, em 2020, ficou em segundo lugar, com pouco mais de 183 mil votos, perdendo o pleito para o atual prefeito, Nelson Ruas, o Capitão Nelson (PL), por uma diferença de menos de 1%.

Com uma população de 896.744 habitantes, São Gonçalo apresenta inúmeros desafios a serem enfrentados por gestores que estejam dispostos a tentar melhorar as históricas condições precárias do povo local: um deles é o da Saúde, considerada por Dimas como “a ponta do iceberg”.

Dimas tem histórico em administrações municipais do Leste Fluminense

O médico ressalta que, como parlamentar, já conseguiu “mais de R$ 2 bilhões” em investimentos para a cidade, através de parcerias feitas com o governo Lula, seu correligionário:

“Não queremos saber se o prefeito é de oposição. O Lula é um estadista que trabalha para o povo. Queremos disputar a prefeitura para a gente trazer para São Gonçalo o nosso modo de governar, que é focado nas pessoas, que devem ser o alvo do investimento público”.

Na série de sabatinas que A Tribuna vem realizando com candidatos a prefeito da região Leste Fluminense e da capital, Dimas Gadelha – que já coordenou o Programa Saúde da Família em São Gonçalo - pontuou aspectos críticos da atual gestão gonçalense e apresentou propostas para o município.  

Privatização ineficaz

Dentre as primeiras medidas de Dimas, a valorização do funcionalismo público é uma das que mais se destacam, numa hipotética gestão. Sem citar números, ele disse que pretende revogar o “pacote de maldades” do atual prefeito, que “achatou o salário do funcionalismo”, garantindo um plano de cargos e salários. “São Gonçalo precisa de um prefeito que goste de gente. Cuidar de asfalto e praças é mole. Quero ver é cuidar das pessoas”, desafiou.

O deputado acredita que falta muito a ser construído na cidade que pretende governar, a partir de 2025. Para ele, o município teve uma “excelente oportunidade”, com a venda da Cedae; mas o prefeito - Capitão Nelson - a “jogou fora”:

“De uma hora para outra, ganha-se R$ 1 bilhão e 27 milhões: o equivalente a 34 anos de investimento. Obras de maquiagem não têm capacidade de mudar a vida das pessoas”.

A prioridade do médico é investir nos jovens, que muitas vezes – sem acesso à Educação – são cooptados pelo tráfico de drogas. “São muitas barricadas, que aumentaram. Saiu uma reportagem, dando conta de que o município já tem 1000 barricadas. É uma cidade que não cuida do seu jovem e os está perdendo, por falta de oportunidades”, disse, em referência à uma recente matéria de A Tribuna.

O candidato quer ampliar saneamento na cidade em 70%

Segurança pública

O petista bate na tecla da ausência de políticas públicas de Educação em São Gonçalo, ao avaliar que se deve começar pelas creches. Segundo Dimas, elas não existem, na prática. “Nem escola de tempo integral, conforme o relato de várias mães. Conhecemos bem São Gonçalo. Sou o único candidato que tem um gabinete atuante na cidade. Andamos no interior dos bairros. Vemos muitas barricadas, nas ruas principais do Barro Vermelho, de Neves, do Zé Garoto e do Alcântara”, enumerou, ao sublinhar a importância de haver também cursos profissionalizantes e acesso às universidades. “54% dos jovens são semianalfabetos, em São Gonçalo. Isso foi matéria de A Tribuna. Muitos deles vão para a barricada. Precisamos atuar nisso, de imediato. O que estão fazendo com São Gonçalo é uma covardia. A cidade tem menos policial por habitante que Copacabana”, criticou.

Se eleito, Dimas pretende pressionar o governo estadual, no sentido de se construir outro batalhão da Polícia Militar na cidade.

Outra medida que o candidato visa implementar é a de usar o orçamento municipal para incrementar o salário do policial militar, através do programa Segurança Presente:

“Queremos ampliar isso. Usar a guarda para fazer o entorno das escolas. Muitas crianças e professores perderam a vida, alvos de balas perdidas. Não há uma política eficiente de inteligência, no atual sistema de monitoramento por câmeras, em São Gonçalo”.

Saneamento


O deputado tem como trunfo o apoio do presidente Lula

O candidato Dimas Gadelha critica também o fato de, segundo ele, São Gonçalo contar apenas com 44% do esgoto tratado, a despeito dos recursos provenientes da privatização da Cedae. “É a quinta pior cidade do país, em saneamento básico. Isso é vergonho. Fizeram capinha de asfalto. Queremos fazer um grande levantamento, acionar o presidente Lula para resolver e saltar essa cobertura de 40% para 70%”, almejou.

Moeda social

Uma das principais bandeiras de campanha de Dimas é a moeda social Tamoio. Ele aponta que, de acordo com estudos realizados por sua equipe, para cada um real investido no benefício, gira-se em torno de R$ 10, R$ 12, no comércio local. “Queremos 40 mil cartões, no primeiro ano. Vamos contemplar os coletores de material reciclável, priorizar mães solo e atípicas, além de reservar uma parte do orçamento para ir ampliando, aos poucos. Quando o comércio fatura mais, a prefeitura recolhe mais”, resumiu, sublinhando a vocação de São Gonçalo para o comércio de bairro.

Combate à fome

No que se refere à segurança alimentar, Dimas propõe a criação de cozinhas comunitárias, com “comida boa e barata”, nos bairros. “O governo do estado instalou um restaurante popular no Alcântara. As pessoas do Ipiiba, do Salgueiro e do Jardim Catarina não têm dinheiro para ir até lá. Vamos estimular os produtores e o comércio local. Tem igreja na área de pobreza. É preciso fazer com que a comida chegue onde as pessoas têm fome”, ressaltou.

Transportes

Na área de transportes, Dimas pretende trazer para São Gonçalo a política pública da tarifa zero, que vem sendo debatida ao redor do mundo – inclusive com a possibilidade de se investir em meios não poluentes, via Banco Mundial. Ele quer instaurar a gratuidade, que deve ser construída “aos poucos, com duas linhas, ano a ano, com Alcântara como ponto de encontro”:

“Queremos seis linhas, capazes de integrar a cidade toda. Itaboraí e Maricá já implantaram”.

Bolsa universitário

Dimas Gadelha pretende implantar uma política de Tarifa Zero, em São Gonçalo

Uma das estratégias de democratizar o acesso à universidade, num hipotético governo Dimas, é o programa Bolsa Universitário - já adotado em Maricá. Nele, a prefeitura negociaria, em grande escala, cursos a preços mais acessíveis aos estudantes, que poderiam pagar cerca de R$ 300, num curso como, por exemplo, de Enfermagem. “É um investimento pequeno para a quantidade de vidas que podem ser tocadas. Maricá fez isso. A prefeitura paga uma parte da mensalidade da universidade”, pontuou. 

Atuação como deputado

Dentre os Projetos de Lei (PL) do deputado federal Dimas Gadelha que mais se destacam, o PL 4504/2023 visa instituir o programa de auxílio aos municípios adjacentes aos produtores de petróleo, a fim de permitir a redistribuição dos royalties do petróleo para promover o desenvolvimento regional equilibrado. Vale lembrar que São Gonçalo é uma das cidades do estado que contam com as menores fatias, nesse quesito.

Outro projeto, o 4209/2023, dá incentivos fiscais para o contratante que optar por contratar trabalhadores residentes em áreas de risco, permitindo o abatimento de 50% dos custos diretos da contratação em impostos federais.

Já o PL 4210/2023 pretende alterar a Lei n° 8742/1993 para dispor sobre parâmetros adicionais de caracterização da situação de vulnerabilidade social para fins de elegibilidade ao Benefício de Prestação Continuada (BPC).

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