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O futebol sul-americano testemunhou, na noite deste sábado, uma das finais mais emocionantes da história da Copa América feminina. Em uma batalha épica, com reviravoltas, falhas cruciais e gols de tirar o fôlego, o Brasil superou a Colômbia nos pênaltis, por 5 a 4, e levantou a taça pela nona vez.
No centro desse roteiro inesquecível, Marta. A eterna camisa 10 brilhou quando mais importava, marcou duas vezes no tempo regulamentar e prorrogação, e emocionou ao comandar a Seleção rumo ao título.
Foi o primeiro troféu de expressão da Seleção sob o comando de Arthur Elias, coroando um ciclo de reconstrução que já havia dado sinais de maturidade com a prata olímpica em Paris-2024. Para a Colômbia, restou o gosto amargo do vice — o quarto da história, o segundo consecutivo diante do Brasil.
Marta: alma, técnica e decisão
Aos 38 anos, Marta protagonizou mais uma atuação lendária. Entrando no segundo tempo com o Brasil em desvantagem, ela virou o jogo com talento e frieza. Primeiro, salvou a Seleção nos acréscimos do tempo normal, com um golaço de fora da área, no melhor estilo "quem sabe, sabe". Depois, já na prorrogação, colocou o Brasil à frente pela primeira vez, em um lance de puro instinto e classe dentro da área.
"Eu estava ali pedindo a Deus que não me castigasse tanto", revelou emocionada ao fim do jogo. "Ser agraciada com aquele gol de empate, depois mais um… eu voltei para as penalidades muito abalada, mas as meninas me sustentaram. Confiamos até o fim."
Sua presença em campo foi mais do que técnica — foi simbólica. Em um momento de tensão e instabilidade, ela trouxe calma, liderança e fé. Mesmo perdendo uma das penalidades na disputa final, foi ela quem arrastou o time mentalmente até o fim. E o fim, desta vez, foi de festa.
Um jogo para a história
A partida no Estádio Rodrigo Paz Delgado teve de tudo. Gols em jogadas trabalhadas, erros grotescos, decisões polêmicas do VAR e atuações brilhantes nos dois lados. Linda Caicedo foi o motor da Colômbia e infernizou a defesa brasileira, participando diretamente de três gols. Do outro lado, Amanda Gutierres e Angelina foram incansáveis, mas a noite tinha uma dona: Marta.
O Brasil saiu atrás, sofreu um gol contra de Tarciane, mas buscou forças até o fim. A virada com Marta parecia o desfecho perfeito, mas Leicy Santos, em cobrança de falta milimétrica, forçou os pênaltis.
Lorena, a muralha dos pênaltis
Se Marta brilhou com os pés, Lorena fez história com as mãos. A goleira brasileira defendeu cobranças decisivas de Leicy Santos e Carabalí nas alternadas, selando a vitória brasileira.
Com a vitória, o Brasil não só reafirma sua hegemonia continental, mas mostra que a nova geração, com figuras como Angelina, Gutierres e Luany, tem muito a aprender com as lendas — mas também tem tudo para escrever seu próprio legado.