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Candidata a vereadora em Maricá, Mulher Abacaxi tem muro pichado
Câmera de segurança do imóvel registrou o ataque, o segundo em duas semanas
Candidata a vereadora em Maricá, Mulher Abacaxi tem muro pichado
Foto do autor Mauro Touguinhó Mauro Touguinhó
Por: Mauro Touguinhó Data da Publicação: 27 de setembro de 2024FacebookTwitterInstagram
Marcela Porto registrou o caso na delegacia de Maricá - Foto: Reprodução (Redes sociais)

A candidata a vereadora transexual Marcela Porto (PDT), conhecida como Mulher Abacaxi, teve o muro de sua casa pichado na madrugada desta sexta-feira (27), no bairro Jardim Atlântico Central, em Itaipuaçu, Maricá. Os transfóbicos escreveram "Fora v..." e outras frases ofensivas, com uma tinta spray preta.

A denúncia foi feita por ela em seu perfil no Instagram. Marcela postou a ação dos criminosos, que foi registrada por uma câmera de segurança do imóvel.

O vídeo (logo abaixo) mostra o momento em que dois homens chegam de motocicleta, por volta de 00h32, e param próximo a casa dela. De capacete, para não serem reconhecidos, eles desembarcam e vão em direção ao muro. A dupla escreve a mensagem no muro e deixa o local em seguida. A ação durou pelo menos três minutos.
 

 

"Acordei agora, são seis e pouca da manhã. O carro vem me pegar para a gente poder fazer o trabalho de sempre. Olha o que escreveram no muro da minha casa. A sorte é que eu tenho câmera. Isso não vai ficar assim. Aguarde!", disse a candidata, que afirmou estar abalada com a tentativa de intimidação.

"Não vou me calar. Esse tipo de preconceito não pode ser tolerado, não pode ficar impune. No país que mais mata trans no mundo, sinto medo. Mas, não vou recuar", escreveu no post.

Na manhã desta sexta-feira (27), Marcela Porto registrou um boletim de ocorrência (BO) na 82ª DP (Maricá). O caso foi registrado como injúria por preconceito. Ela entregou aos policiais as imagens para que elas ajudem na investigação. No entanto, de acordo com o boletim de ocorrência, as luzes ofuscaram a placa do veículo.

"Para quem acha que eu estou brincando. O registro de ocorrência está aqui. Estou aqui na porta da 82ª DP. Isso não vai ficar impune. Não vai ficar impune", prometeu Marcela.

À tarde, quando a candidata se preparava para sair e fazer campanha, agentes da Polícia Civil estiveram na casa dela para realizar perícia.
 

Criminosos picharam xingamentos - Foto: Reprodução


Segundo caso em duas semanas

No boletim de ocorrência consta ainda que Marcela acredita que as pichações foram feitas em razão da sua candidatura de vereadora em Maricá com o nome de Mulher Abacaxi.

Ainda de acordo com o BO, Marcela informou que há cerca de 2 semanas fazia panfletagem com cerca de 15 pessoas em um quiosque na Praça do Barroco, em Itaipuaçu, quando um outro candidato chegou com cerca de 100 pessoas.

De acordo com a candidata, eles passaram a ofender a ela e seus ajudantes com palavras homofóbicas e transfóbicas, como as que foram pichadas no muro dela. Marcela informou aos policiais que reside no bairro Jardim Atlântico Central há mais de 30 anos. No entanto, ela preferiu não citar qual candidato envolvido, com medo de represálias.

"Eu sei quem é. Mas eu não vou mexer com gente grande. Candidato forte, que já é da política. Eu até pensei em dar queixa na delegacia, mas os meus assessores falaram para deixa isso quieto. Então, eu acho que pode ser ele, porque é minha primeira vez na política e eu estou incomodando demais", afirmou Marcela Porto.

"Esse candidato me xingou quando eu cheguei no banheiro. Xingou todo mundo. Entrou querendo tampar a gente. Nós estávamos em quinze, ele tinha uns cem junto com ele. Tinha um espaço enorme na praça, mas ele nos cercou e falou: nossa, o espaço engoliu vocês", contou a candidata.

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