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1º BPM será inaugurado em SG em dezembro, diz comandante do 4º CPA
Unidade contará com policiais recém-formados e funcionará no prédio atual do RECOM, que passará por reforma
1º BPM será inaugurado em SG em dezembro, diz comandante do 4º CPA
Foto do autor Mauro Touguinhó Mauro Touguinhó
Por: Mauro Touguinhó Data da Publicação: 18 de julho de 2025FacebookTwitterInstagram
Novo batalhão vai ficar no prédio onde funciona o RECOM - Fotos: Google Maps e Reprodução

O novo batalhão da Polícia Militar em São Gonçalo será inaugurado na primeira semana de dezembro de 2025, segundo revelou ao jornal A Tribuna o coronel Sylvio Ricardo Ciuffo Guerra, comandante do 4º Comando de Policiamento de Área (CPA), que abrange municípios entre Niterói e Cabo Frio.

A unidade será instalada no prédio onde atualmente funciona o RECOM (Rondas Especiais e Controle de Multidões), em Venda da Cruz, antigo endereço do 3º Batalhão de Infantaria do Exército (3º BI). 

Segundo o coronel, o objetivo da mudança é dividir São Gonçalo em duas áreas operacionais, desafogando o 7º BPM, que hoje cobre sozinho toda a cidade — a segunda mais populosa do estado, com quase 1 milhão de habitantes.

“A cidade cresceu, a criminalidade mudou e o 7º BPM não dá mais conta sozinho. Antigamente supria, hoje não mais. Essa divisão é um avanço para atender melhor São Gonçalo”, afirmou o comandante.

 

7º BPM passará a responder apenas pelas 74ª e 75ª CISP - Foto Reprodução Google maps

 

 

Redimensionamento da PM em São Gonçalo

A criação do 1º BPM foi oficializada nesta quinta-feira (17) por decreto publicado no Diário Oficial, como parte do plano de reestruturação da Secretaria de Estado de Polícia Militar.

A nova unidade ficará responsável pelas áreas das 72ª e 73ª Circunscrições Integradas de Segurança Pública (CISPs). O 7º BPM, que continuará sediado na cidade, passará a responder apenas pelas 74ª e 75ª CISPs, permitindo melhor distribuição de efetivo e patrulhamento mais eficiente.

De acordo com Sylvio Ricardo, a implantação do novo batalhão representa um "redimensionamento" do policiamento na cidade, baseado em estudos técnicos da própria corporação.

 

Decreto publicado no Diário Oficial

 

A estrutura administrativa ainda está sendo fechada, mas a expectativa é de que o batalhão inicie suas atividades com quatro setores de radiopatrulha, com possibilidade de expansão. A sede já existente não exigirá novos gastos com estrutura, apenas reformas pontuais.

"Não vamos ter mais gastos. Não vamos criar cargos. Temos policiais recém-formados previstos para se integrar à corporação em novembro. O espaço já existe e vai passar apenas por uma reforma", garantiu o coronel.

 

Candidatos aprovados e em curso serão incorporados em Novembro - Foto: Polícia Militar

 

O comandante também esclareceu que, apesar de não assumir áreas de Niterói, o 1º BPM poderá atuar em parceria com o 12º BPM em operações conjuntas, reforçando a segurança na divisa entre os municípios.


Expansão já havia sido anunciada em 2024

A criação do batalhão em São Gonçalo já havia sido anunciada pelo governador Cláudio Castro em julho de 2024, como parte de um pacote de investimentos na segurança pública, que inclui também novas unidades da PM em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio.

"A construção desses novos batalhões atende a um pleito da sociedade e integra um grande plano de investimentos que estamos fazendo na segurança pública. O que acontece nessas regiões impacta os índices criminais do estado", afirmou Castro na ocasião.

O RECOM, que atua em controle de distúrbios e operações táticas, seguirá vinculado ao 4º CPA, mas com base no Rio de Janeiro. A expectativa da Polícia Militar é de que a reorganização traga maior presença policial nas ruas, resposta mais rápida a ocorrências e queda nos indicadores de criminalidade de São Gonçalo, que apresenta altos índices de violência urbana, com destaque para crimes contra o patrimônio e letalidade violenta.

 

RECOM foi inaugurado em SG em 2022 - Foto: Prefeitura de SG

 

O que diz o secretário

De acordo com a Polícia Militar, a decisão vem corrigir uma distorção histórica da área de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. Por sua extensão territorial, localização geográfica e principalmente pelo tamanho da população, São Gonçalo necessita de mais de uma unidade operacional para o policiamento ostensivo no município.

“Ao planejarmos nossas ações de policiamento com foco numa área menor, os resultados serão sempre melhores. Tenho certeza de que a criação do novo batalhão proporcionará benefícios para todos, especialmente para a sociedade de São Gonçalo, que há anos reivindica a instalação de uma nova unidade”, explica o secretário da SEPM, coronel Marcelo de Menezes.

Segundo a PM, os policiais militares do 7º BPM são responsáveis atualmente pelo policiamento ostensivo de uma área de 251 quilômetros quadrados e uma população de superior a 1 milhão de habitantes, a maior do estado depois da capital.

 

Mudança vai dividir São Gonçalo em duas áreas operacionais - Imagem: Polícia Militar

 

Cortado por duas importantes rodovias – RJ-104 e BR-101, a primeira estadual e a segunda federal -, São Gonçalo é um município estratégico para área de segurança do estado, pois recebe todo o tráfego rodoviário, ligando as regiões Norte e Sul do país, além de fazer parte do corredor turístico em direção à Região dos Lagos e parte da Região Serrana.

Ainda de acordo com a corporação, sem necessidade de grandes intervenções na estrutura do prédio, o 1º BPM vai funcionar onde hoje está em operação a 2ª Companhia do RECOM. Com a nova unidade operacional na região Leste Fluminense, o 4º Comando de Policiamento de Área (CPA) passará a ficar responsável por cinco batalhões: 1º BPM e 7º BPM, ambos em São Gonçalo; 12º BPM (Niterói), 25º BPM (Cabo Frio) e 35º BPM (Itaboraí).

Novo cenário do 4º CPA

Com a instalação do 1º BPM, o 4º CPA passará a contar com cinco batalhões subordinados:

  • 1º BPM – São Gonçalo (72ª e 73ª CISP)
  • 7º BPM – São Gonçalo (74ª e 75ª CISP)
  • 12º BPM – Niterói
  • 25º BPM – Cabo Frio
  • 35º BPM – Itaboraí

 

O passado glorioso do 3º BI, em São Gonçalo

Construído na década de 1920, o antigo quartel do 3º Regimento de Infantaria do Exército — mais tarde transformado no 3º Batalhão de Infantaria Motorizado — ocupa uma área de 146 mil metros quadrados em Venda da Cruz, São Gonçalo, o equivalente a 17 campos do Maracanã.

A unidade, de forte presença arquitetônica e histórica, foi um dos pilares militares da cidade ao longo do século XX, tendo abrigado treinamentos de soldados das três Forças Armadas e desempenhado papel estratégico na Segunda Guerra Mundial.

Durante o conflito, o então coronel Zenóbio da Costa, que viria a comandar a Força Expedicionária Brasileira (FEB), fazia questão de visitar pessoalmente a unidade para selecionar os homens que seriam enviados à Europa.

 

O 3º BI foi construído na década de 1920 - Foto: Divulgação

 

Muitos soldados gonçalenses foram convocados, graças à forte presença militar na cidade, e participaram da famosa Batalha de Monte Castelo, na Itália, em 1945. Fotografias históricas mostram visitas ilustres ao quartel, como a de Getúlio Vargas, Filinto Müller e Ernani Amaral Peixoto em setembro de 1941.

Mas o destino do 3º BI tomou outro rumo em 2007, quando o batalhão foi oficialmente desativado e sua estrutura transferida para Barcelos, no Amazonas, onde passou a funcionar como 3º Batalhão de Infantaria de Selva.

A mudança abriu espaço para uma disputa urbana e política que se estendiam até recentemente, envolvendo propostas para readequação do terreno — entre elas, a instalação de um batalhão da PM, uma escola técnica, moradias populares e até um centro cultural.

A partir de 2010, após a tragédia no Morro do Bumba, em Niterói, parte do antigo quartel passou a abrigar famílias desalojadas pelas chuvas. A outra parte foi ocupada por unidades da Polícia Civil, como a DEAM e a 72ª DP, ainda em instalações precárias.

 

3° BI - Imagem: CEPDOC/FGV (abril de 2013)

 

Entre 2011 e 2013, a área foi tombada como patrimônio público histórico-cultural, e logo depois alvo de tentativas de destombamento por parte do governo estadual, que planejava construir um conjunto habitacional com creche, escola, posto de saúde e até centro comercial.

A proposta gerou uma forte reação da sociedade civil e resultou em audiências públicas marcadas por protestos, cruzes simbólicas e faixas com rostos das vítimas da enchente.

Desde então, o terreno segue em disputa judicial e política. Em 2013, o município questionou a constitucionalidade da lei que tombou o imóvel, alegando invasão de competência do Legislativo sobre atribuições do Executivo.

No fim daquele ano, o Tribunal de Justiça do Rio declarou a lei inconstitucional, o que reabriu a possibilidade de uso do espaço para outras finalidades. Mais de uma década depois, o futuro do 3º BI agora está definido.

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