Uma investigação recente trouxe à tona novos elementos sobre o envolvimento de familiares do deputado federal Doutor Luizinho e de figuras ligadas ao ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, em contratos públicos milionários. De acordo com informações divulgadas pela TV Globo no RJ2, a empresa PCS Lab Saleme, que tem como sócios o tio e o primo do deputado, recebeu quase R$ 20 milhões dos cofres públicos e está sendo investigada por suposta participação em um caso de infecção de pacientes transplantados por HIV.

Além dessa empresa, outra companhia ligada à família do parlamentar também é alvo de apurações. A Quântica Serviços de Radiologia, da qual Matheus Teixeira Vieira, primo de Doutor Luizinho, é sócio, já recebeu cerca de R$ 10 milhões em contratos com o governo.

Esses contratos foram assinados com o Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional (IPCEP), uma organização social (OS) atualmente chamada de Positiva Social, que tem ligações com Eduardo Cunha. O genro do ex-deputado, Daniel Cardoso de Sá, era o responsável pela OS na época em que os contratos com a Quântica foram firmados.

O Ministério Público está apurando a possível influência de Doutor Luizinho nas contratações envolvendo a empresa de seu primo. Segundo o RJ2, a Quântica foi contratada pela OS que administra o Hospital Estadual Getúlio Vargas e a UPA da Penha, no Rio de Janeiro. Essa mesma organização já recebeu quase meio bilhão de reais dos cofres do estado e é investigada desde 2019, quando o Ministério Público da Paraíba apontou que o IPCEP estaria envolvido em um esquema de desvio de R$ 1,6 bilhão.

As investigações sobre possíveis irregularidades na gestão da OS continuam em andamento, agora sob responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, que abriu um procedimento administrativo para verificar suspeitas de fraudes em notas fiscais apresentadas pela Positiva Social.

Esclarecimentos dos envolvidos

Em resposta às acusações, o deputado federal Doutor Luizinho negou ter conhecimento sobre a participação de seu primo, Matheus Vieira, como sócio da Quântica Serviços de Radiologia.

O parlamentar, que já foi secretário estadual de Saúde, também destacou que espera uma punição exemplar para os responsáveis no caso de contaminação dos pacientes transplantados.

A deputada federal Dani Cunha, filha de Eduardo Cunha e esposa de Daniel Cardoso de Sá, também se manifestou. Ela informou que seu marido deixou a direção executiva do IPCEP em junho de 2022, antes de se casar e antes de ela assumir o mandato de deputada.

O ex-deputado Eduardo Cunha, por sua vez, afirmou em nota que nunca teve qualquer influência sobre contratos relacionados à saúde no estado e reforçou que sua filha só se casou com Daniel após ele ter deixado a direção da OS.

A organização social Positiva Social, por meio de nota, confirmou que Daniel Cardoso de Sá não faz parte da entidade desde 2022 e negou qualquer vínculo atual com Eduardo Cunha. A OS também informou que a contratação da Quântica ocorreu por meio de processo licitatório.