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Professoras da UFF comentam os efeitos da desinformação na saúde pública
A circulação de informações falsas gera desconfiança da população. O Telegram se destaca como o principal canal de propagação dessas informações falsas
Professoras da UFF comentam os efeitos da desinformação na saúde pública
Foto do autor A Tribuna A Tribuna
Por: A Tribuna Data da Publicação: 08 de outubro de 2024FacebookTwitterInstagram
"Fake news" contribuem para o retorno de doenças que já estavam controladas (Foto: TÂNIA R

Nos últimos anos, o fenômeno da desinformação tornou-se um desafio crescente para a saúde pública, especialmente no que diz respeito à vacinação. Apesar do Brasil, historicamente, ser um exemplo de sucesso em campanhas de imunização, a circulação de informações falsas gera desconfiança da população em vacinas e no próprio sistema de saúde. 

Essa situação tem contribuído para o aumento da chamada hesitação vacinal, que ocorre quando indivíduos, mesmo sem serem totalmente contrários à vacinação, optam por adiar ou evitar a imunização. A facilidade de acesso às “fake news” e a falta de verificação por parte de muitos usuários contribui para o retorno de doenças que já estavam controladas no país, como o sarampo, o que agrava a confiabilidade nas instituições de saúde.

Em entrevista ao site da Universidade Federal Fluminense (UFF), a Superintendente de Comunicação Social e professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFF, Thaiane Oliveira; a chefe e professora do Departamento de Planejamento e Gestão em Saúde da UFF, Michele Peres; e a professora do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFF, Cláudia Vitral, debateram o tema.

Como a desinformação afeta a aceitação das vacinas no Brasil?

“A desinformação caracteriza um papel crítico na aceitação das vacinas no Brasil. Embora o movimento antivacina não tenha a mesma força que em outros países, a disseminação de informações falsas sobre as vacinas, seus componentes, processos de fabricação e a logística de distribuição no país tem gerado um aumento considerável na hesitação vacinal. Essa realidade representa um dos maiores desafios para o sistema de saúde brasileiro na atualidade, pois, historicamente, sempre contou com a adesão massiva da população às campanhas de imunização”, disse Thaiane.

Quais são as principais plataformas utilizadas para disseminar fake news sobre vacinas na atualidade? 

“O Telegram se destaca como o principal canal de propagação dessas informações falsas, pois é um espaço de difícil controle devido à natureza mais fechada de seus grupos. Em paralelo, outras plataformas, como o YouTube, também já foram locais de intensa circulação de conteúdos desinformativos, embora muitas dessas postagens tenham sido removidas após iniciativas de moderação. Ainda assim, resquícios dessa desinformação permanecem presentes. O TikTok e grupos de Facebook também surgem como ambientes onde essa desinformação persiste, especialmente através de vídeos curtos e postagens de fácil compartilhamento, o que atinge grande parcela da população”, complementou a professora.

Quais são as consequências da desinformação sobre vacinas para a saúde pública?

As consequências são muitas e envolvem casos graves no que tange ao avanço da saúde pública no Brasil. Doenças que estavam praticamente erradicadas, como o sarampo, por exemplo, têm voltado a surgir. Esse retrocesso é uma das consequências mais alarmantes da desinformação, mas não é a única. Há também um enfraquecimento da confiança nas instituições de saúde, tanto as públicas quanto as científicas. Entidades como o Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e até o próprio SUS vêm sendo alvo de constantes ataques de desinformação. Com isso, o enfraquecimento da confiança pública impacta não apenas a aceitação das vacinas, mas o entendimento e a confiança da população em toda a ciência que sustenta as políticas de saúde pública”, ressaltou.

A entrevista completa pode ser vista neste link.

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