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No artigo passado, recordei que alguns filósofos se ocuparam da questão sobre Deus. E percorrendo a Bíblia Hebraica, temos em Gênesis um Deus criador, destruidor e amigo íntimo. Ele é libertador no Êxodo, legislador no Levítico, suserano no Deuteronômio. Em Josué é conquistador, em Samuel, pai, nos livros dos Reis, árbitro. Ele é conselheiro nos Salmos, fiador nos Provérbios. Adormecido no Cântico, recluso nas Lamentações, enigma em Eclesiastes, ausência em Ester, Ancião dos dias em Daniel.
Seja o que for, uma coisa é certa: Ele nunca deixou de ser interessante.
E a pergunta continuará até o fim dos dias: por que a religião? Agora que assistimos a intransigência em nome da religião, essa pergunta corta na carne.
A religião existe para nos tornar mais humanos. Sem Deus, nos desumanizamos a ponto de não reconhecer mais quem é o outro, quem somos nós. Sem a religião, não nos tornamos animais. Tornamo-nos vegetais. E é isso que dá medo.
Porém, quando vivemos verdadeiramente a fé em Deus, o nosso falar e agir vem carregado de amor e de sentido. Temos testemunhos lúcidos de fé em Francisco de Assis, Teresa de Ávila, Inácio de Loyola, Teresa de Calcutá, Dom Hélder Câmara, Dulce dos Pobres, só para enumerar alguns. Eles viveram mergulhados no mistério de Deus e testemunharam que o evangelho é uma fonte inesgotável de vida. Quem beber dessa fonte nunca mais terá sede.
No mês passado, o Papa Francisco presenteou-nos com sua quarta Encíclica, intitulada AMOU-NOS (“DILEXIT NOS”) “sobre o amor humano e divino do coração de Jesus Cristo”. Ele destaca a realidade de uma sociedade que vê a multiplicação de “várias formas de religiosidade sem referência a uma relação pessoal com um Deus de amor”. E ele propõe um novo aprofundamento sobre o amor de Cristo representado em seu santo Coração, lembrando que no Coração de Cristo “encontramos todo o Evangelho”: É em seu Coração que “finalmente nos reconhecemos e aprendemos a amar”.
Deixemo-nos transformar por Jesus!
Dom José Francisco Rezende é arcebispo da Arquidiocese de Niterói.
Foi ordenado sacerdote no dia 10 de novembro de 1979. Especializou-se em teologia espiritual pelo Pontifício Instituto Teresianum, de Roma (1987-1989). Em 2011, o Papa Bento XVI o nomeou arcebispo da Arquidiocese de Niterói. Dom José recebeu o pálio das mãos do próprio Papa.