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Por que a Arte?
Por que a Arte?
Foto do autor Dom José Francisco Rezende Dom José Francisco Rezende
Por: Dom José Francisco Rezende Data da Publicação: 16 de outubro de 2024FacebookTwitterInstagram

No artigo passado, intitulado Por que a filosofia?, tentei mostrar a importância da filosofia. Continuando o tema, quero falar sobre uma outra forma de conhecimento: a arte. 

Tudo começou quando um primeiro homem primitivo imitou o que o macaco fazia. Com precisão, conseguiu segurar uma pedra com as mãos, bater com ela sobre uma casca e comer a noz. E foram milênios quebrando cascas com pedras. E foram milênios esmagando os dedos cada vez que a pedra batia sobre eles. Milênios! E é o mais próximo que conseguimos dizer!

Um dia, o homem, ainda primitivo, amarrou um cabo de madeira à pedra e bateu forte com ele sobre a noz. Estava inventado o martelo. Orgulhoso, o homem olhava seu primo macaco que continuava machucando os dedos. Mas ele, não mais.

Foram-se milênios. E o macaco continuava lá, onde sempre esteve desde o início, quebrando nozes com pedras e esmagando os dedos. Enquanto isso, o homem já havia dado o passo definitivo da cultura: ele havia construído uma ferramenta. Mais. Ele havia construído dois martelos e trocado um por comida. Estava inventada a civilização. O homem criava ferramentas. O macaco apenas usava instrumentos. O cachorro, coitado nem isso. 

Daí vieram os martelos de ferro, os utensílios de argila, as ferramentas, os estiletes e as estátuas de mármore, os pincéis e a Capela Sistina, os violinos e a Quinta Sinfonia. Até onde a vista alcança, tudo começou numa pedra amarrada a um cabo de madeira. Ou coisa assim. O macaco continuou fazendo macaquices, quando muito treinado para andar de bicicleta no circo. Nós, não. Nós fizemos arte, já chegamos à Lua, e queremos outros passeios.

Por que, então, a Arte? Porque a arte nos torna universais. Ao fazer isso, ela nos salva de nós mesmos. (volto ao tema)

Dom José Francisco Rezende é arcebispo da Arquidiocese de Niterói.

Foi ordenado sacerdote no dia 10 de novembro de 1979. Especializou-se em teologia espiritual pelo Pontifício Instituto Teresianum, de Roma (1987-1989). Em 2011, o Papa Bento XVI o nomeou arcebispo da Arquidiocese de Niterói. Dom José recebeu o pálio das mãos do próprio Papa.

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