Agentes da 74ª DP (Alcântara) desmontaram uma base operacional de uma quadrilha especializada em furtos e desmanche de veículos em São Gonçalo. A ofensiva fez parte da Operação Torniquete, que tem como alvo grupos ligados a crimes patrimoniais e ao financiamento de facções criminosas no estado do Rio de Janeiro.

A ação foi deflagrada em um imóvel abandonado na Travessa Oliveira, no bairro Barro Vermelho, usado como esconderijo e ponto logístico da quadrilha. No local, os policiais encontraram quatro veículos furtados, além de uma grande quantidade de peças, ferramentas e equipamentos de alta tecnologia usados nos crimes. Um homem foi detido no imóvel, mas liberado após prestar depoimento.

Segundo a delegado titular da 74ª DP, Marcello Braga Maia, o espaço funcionava como uma oficina clandestina, com estruturas voltadas para a adulteração de carros. Foram apreendidos módulos eletrônicos, scanners automotivos, extratores de ignição, codificadores de chave, placas veiculares suspeitas e ferramentas especializadas. A perícia ainda vai confirmar a origem das peças.

Identificação da quadrilha

Ainda segundo o delegado, a operação é resultado de meses de investigação e mapeamento da atuação criminosa na região. A quadrilha monitorava veículos visados, principalmente modelos populares, e utilizava tecnologia para reprogramar módulos e clonar sistemas de ignição.

As placas originais dos veículos furtados eram substituídas por outras legalizadas no Detran, compatíveis com veículos do mesmo modelo.
“Ninguém foi preso ainda. Estamos na fase de identificação do grupo criminoso. Já temos três nomes e estamos descobrindo mais”, afirmou Marcello Braga Maia.

Segundo ele, o homem conduzido à delegacia prestou depoimento e forneceu informações úteis à investigação. “Ele estava com um módulo, alegando ter comprado no Mercado Livre, e não tínhamos como saber naquele momento se era roubado ou furtado, já que o aparelho não tem número identificador. Oficiamos ao Mercado Livre para saber se realmente ele comprou por lá”, acrescentou.

A delegacia também notificará o Detran para verificar se houve participação de servidores públicos na legalização de placas clonadas. Segundo os investigadores, há indícios de que a quadrilha possa ter contado com ajuda interna para dificultar a identificação dos carros adulterados.

Quadrilha agia em plena luz do dia

Um vídeo obtido pela Polícia Civil mostra parte da ação criminosa. No dia 18 de julho, integrantes da quadrilha, a bordo de um Siena preto, se aproximaram de um carro estacionado na Rua Doutor Arthur Bernardes Fernandes, no bairro Santa Catarina.

Enquanto um dos criminosos desce com uma bolsa, outro aguarda no veículo. O comparsa entra no carro visado e sai com ele poucos segundos depois.

Dentro da bolsa, segundo a polícia, havia um scanner capaz de acessar o sistema eletrônico do veículo e ligá-lo sem uso da chave. Os aparelhos usados pela quadrilha chamaram a atenção dos agentes pela sofisticação e precisão na execução do furto.