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Lucília Machado é jornalista e tinha uma vida movimentada. Trabalhava, tinha uma carreira na comunicação, até que em 1999 um acidente de carro mudou completamente a sua vida: A jornalista, que também é funcionária da Universidade Federal Fluminense há mais de 40 anos, ficou tetraplégica. Por conta de toda essa luta e envolvimento, Lucília está a frente, junto com outras mulheres da Secretaria Municipal da Mulher, (SMMU), da Coordenadoria de Acessibilidade (CODAC) e da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos, da 1ª Conferência Livre das Mulheres com Deficiência de Niterói, que acontece nesta sexta-feira, (18) na sede da Andef.
A pauta de debates inclui melhoria de vida real das mulheres, como autonomia econômica; igualdade de gênero dentro e fora do ambiente de trabalho; enfrentamento à violência, assédio e discriminação; acesso às políticas públicas; e claro, estimular maior participação das mulheres na política e em espaços estratégicos. A transversalidade das ações permanece como princípio norteador do encontro.
A partir do que poderia parecer o fim, se tornou o recomeço de Lucília, que desde 2005, atua no movimento de inclusão a pessoa com deficiência e sempre militando na área.
“Comecei no movimento de inclusão na UFF em 2005 quando criamos um grupo de trabalho, ao perceber que a universidade, assim como a sociedade, não são locais inclusivos e com permanente acessibilidade. Ali faltavam rampas, banheiros com portas mais largas para entrarmos com cadeira de rodas, ou seja faltava tudo. Fui procurar na universidade outras pessoas que também estivessem trabalhando com o tema e descobri um projeto de extensão da professora Luísa Moreira da Costa da Faculdade de Medicina, chamado Sensibiliza UFF, e a partir desse projeto, reunimos pessoas que estavam pensando, trabalhando, pesquisando em outras áreas, como deficiência visual, deficiência intelectual, deficiência física, surdez e outras necessidades específicas. E criamos em 2009 o núcleo que em 2013 ganhou o status de divisão e hoje é uma secretaria de acessibilidade. Quando a gente começou, a UFF em 2009, tinha seis alunos com deficiência, hoje já tem mais de 700. Nunca deixei de ser jornalista, mas eu me aliei à luta de visibilidade, de avanço das pautas das pessoas com deficiência.”, afirmou Lucília, que também é presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Niterói – COMPED.
O objetivo é ampliar a escuta, fortalecer a diversidade e garantir que as vozes das mulheres com deficiência de Niterói cheguem até a Etapa Nacional da Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM), que será realizada de 29 de setembro a 1º de outubro de 2025, em Brasília.
A conferência é uma parceria da Secretaria Municipal da Mulher, (SMMU), da Coordenadoria de Acessibilidade (CODAC) e tem apoio do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Niterói (COMPED).
“A primeira conferência livre da mulher com deficiência de Niterói é um fato histórico. Eu considero um marco histórico, em que a pauta da mulher com deficiência está sendo colocada.”, afirmou Lucília
O evento começa pela manhã com palestra da mestre em antropologia pela UFF, Olga Maria Tavares de Souza. Depois uma mesa-redonda chamada “Mulheres com Deficiência e sua potência”. Com Lucília Machado, e Tânia Rodrigues, da Coordenadoria de Acessibilidade – CODAC.
Logo depois, uma palestra sobre mulheres surdas e/ou com deficiência auditiva com Luciane Rangel, professora de Libras da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, depois outra sobre mulheres cegas e com baixa visão com Sonia March, assistente social, integrante da Executiva do Movimento Brasileiro de Mulheres Cegas e com Baixa Visão e assessora da Diretoria Temática da Pessoa Idosa da Organização Nacional dos Cegos do Brasil. Além de outras atrações a tarde com grupos de trabalhos temáticos.
Além disso, a UFF vai disponibilizar transporte gratuito até o local da conferência, saindo do Gragoatá às 8h. As vagas são limitadas e o telefone de contato é o 21988757973 e e-mail é o ([email protected])
“Nós botamos o bloco na rua, porque historicamente as mulheres já sofrem com suas pautas de violência, de acesso à educação, trabalho, e as mulheres com deficiência são ainda mais invisibilizadas nessas pautas, e é sobre isso que a conferência vai debater, vai trazer à tona essa pauta, com a presença de mulheres com deficiência para pensar e planejar políticas públicas para o segmento”, afirmou a jornalista
Primeira Conferência Livre das Mulheres com Deficiência de Niterói
Tema: A Invisibilidade da Mulher com Deficiência nas Políticas Públicas
Data: 18/07
Horário: 9 às 17h.
Local: Sede da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef). Rodovia Prefeito João Sampaio, 4830. Rio do Ouro. Niterói – RJ.
Entrada gratuita