O trabalhador não tem paz em Niterói. Um motoboy que teve a moto roubada no sábado (5) em Icaraí, Zona Sul da cidade, pede ajuda da população para que ela seja recuperada. O entregador de fast-food diz estar no prejuízo, sem poder trabalhar, além de não ter terminado de pagar as prestações do veículo. Ele contou ao jornal A Tribuna que após questionar os ladrões sobre o roubo, um deles respondeu: "Irmão, é meu trabalho".

O crime ocorreu em frente ao número 222 da Rua Joaquim Távora, por volta das 22h03. A ação dos bandidos foi tão rápida que durou menos de 20 segundos. Câmeras de segurança do prédio gravaram tudo. De acordo com as imagens (abaixo), a dupla usava casacos com gorro para atrapalhar na identificação.

A vítima, Flávio Gonzalez Ferre, de 37 anos, é morador do Fonseca há 12 anos e motoboy de uma pizzaria. Ele havia acabado de realizar uma entrega no local. Ao ver a aproximação dos dois criminosos, guardou o celular. Quando ia subir na moto, foi abordado. Durante o assalto, é possível ver Flávio de braços abertos, reclamando do roubo.

“Eu falei, que é isso, mano? Você está vendo que eu tô de bag (bolsa) nas costas. Estou trabalhando! Aí, um deles me mostrou a arma e disse: irmão, é meu trabalho. Esse aqui é meu trabalho. Tipo assim, o trabalho dele era me roubar. E eu estava trabalhando com a minha moto. Sou um cidadão tranquilo", disse Flávio, indignado.

Um os bandidos estava armado, retirou a bolsa térmica usada para transportar os produtos e a colocou no chão. Enquanto isso, o outro pegou a chave e subiu no veículo. O comparsa subiu logo em seguida, na garupa, e ambos fugiram.

"Deu para reconhecer que a arma era de verdade. Não era um simulacro, porque se eu visse que fosse um simulacro, ia pular em cima dos dois", afirmou.

Sem trabalhar e pode atrasar pensão

O 12º BPM (Niterói) e a Operação Segurança Presente de Niterói informaram que não foram acionados. O caso foi registrado pela vítima na 77ª DP (Icaraí). Os policiais realizam diligências, analisam imagens e buscam testemunhas com o objetivo de identificar os ladrões e recuperar a moto.

“Os dados e características da motocicleta foram divulgados às equipes do 12ºBPM para efetuar buscas”, afirmou o comandante do batalhão de Niterói, o  coronel Leonardo Ribeiro de Oliveira. 

Flávio recebe por diária, mas está sem trabalhar e, consequentemente, sem pagamento. Pais de dois 2 filhos, ele tem medo de precisar atrasar as pensões.

"Eu fiquei sem trabalhar. Sou diarista. Eu trabalho em uma pizzaria, só que não tenho carteira assinada. Não sou CLT. Se trabalho, ganho. Se não trabalho, não ganho", disse Flávio, que ressaltou ainda não estar passando por dificuldade. 

"Se a moto não aparecer, as parcelas vão vencer. A pensão dos meus filhos vai atrasar. E nem sei se vou conseguir comprar outra moto velha para trabalhar", contou o motoboy, que ainda tem 10 prestações do financiamento da moto para pagar.

"A moto é financiada no nome do meu irmão, mas eu que paguei. Ela deve custar, financiada, uns R$ 20 mil, Á vista, ela deve custar uns R$ 17 mil. Tive que refinanciar duas vezes. Por conta de não conseguir trabalho. E agora que eu consegui, esses caras fazem isso comigo", complementou.

A moto de Flávio é um modelo Honda CG 160 Fan CBS, de cor vermelha, muito parecido com o modelo da foto abaixo, mudando apenas a cor do para-lama dianteiro. Ela possui um adesivo do Sonic no tanque da moto, além de outros espalhados no próprio no para-lama. Quem tiver informações pode ligar para a Polícia Militar ou para a 77ª DP(Icaraí).