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Laboratório investigado por contaminação de pacientes com HIV se pronuncia
Primo do ex-secretário de Saúde está entre os sócios de laboratório envolvido em grave falha na triagem de doadores
Laboratório investigado por contaminação de pacientes com HIV se pronuncia
Foto do autor Redação Redação
Por: Redação Data da Publicação: 11 de outubro de 2024FacebookTwitterInstagram
Foto: Divulgação

O laboratório PCS Lab, unidade contratada pela Secretaria Estadual de Saúde para realizar os transplantes de órgãos em pacientes que aguardavam na fila de espera, informou que abriu sindicância interna para apurar as responsabilidades do caso envolvendo diagnósticos de HIV em pacientes transplantados ocorridos no Estado do Rio. 

A empresa diz ainda que informou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Governo do Estado.

Veja a nota completa:

O laboratório PCS Lab abriu sindicância interna para apurar as responsabilidades do caso envolvendo diagnósticos de HIV em pacientes transplantados ocorridos no Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de um episódio sem precedentes na história da empresa, que atua no mercado desde 1969. 

O laboratório informou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Governo do Estado. Nesses procedimentos foram utilizados os kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O PCS Lab dará suporte médico e psicológico aos pacientes infectados com HIV e seus familiares; e reitera que está à disposição das autoridades policiais, sanitárias e de classe que investigam o caso.

Vale lembrar que o laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), investigado pela contaminação de seis pacientes transplantados com HIV, tem como sócio Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira. Ele é primo do ex-secretário estadual de Saúde e atual deputado federal, Doutor Luizinho (PP). A informação foi divulgada inicialmente pelo G1.

Segundo informações, mesmo após deixar o cargo, Doutor Luizinho mantinha influência na secretaria durante a contratação do laboratório, conforme fontes do governo. 

Além disso, a irmã de Doutor Luizinho trabalha na Fundação Saúde, que firmou o contrato com o laboratório. Em campanhas anteriores, Matheus havia apoiado o primo em suas redes sociais.

Dr. Luizinho e o seu primo - Foto: Divulgação

Em nota, o parlamentar lamentou o ocorrido e disse que apoia as investigações. Veja o pronunciamento completo:

"Conheço o Laboratório Saleme há mais de 30 anos, dirigido pelo Dr Montano e posteriormente por seu Filho Dr. Valter Viera (casado com a irmã da minha mãe Ana Paula) e suas irmãs. Lamento veementemente o ocorrido, desejando ao fim das investigações punição exemplar para os responsáveis por esses gravíssimos casos de contaminação.

Enquanto Secretário de Estado de Saúde, mantive a mesma equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e jamais participei da contratação deste ou de qualquer outro Laboratório.

É muito triste como um dos maiores defensores do Transplantes no País, cuja minha vida pública está marcada pela ampliação do número de transplantes no Estado, ver casos graves como esse! Espero punição aos responsáveis, independente de quem for."

Entenda o que ocorreu

Seis pacientes que aguardavam transplante na Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) receberam órgãos contaminados com o vírus HIV. 

O caso, inédito no Brasil, foi descoberto após um paciente que recebeu um coração apresentar sintomas nove meses após a cirurgia. Exames confirmaram a infecção e revelaram que pelo menos dois doadores estavam contaminados, mas o laboratório responsável pela triagem não detectou o vírus.

O laboratório PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu, foi fechado pela Anvisa e pela Coordenadoria Estadual de Transplantes, após irregularidades, como a falta de kits de exames, serem encontradas. O caso está sendo investigado pela Delegacia do Consumidor.

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