Imagem Principal
Imagem
Laboratório investigado por contaminação com HIV tem vínculo com deputado
Primo do ex-secretário de Saúde está entre os sócios de laboratório envolvido em grave falha na triagem de doadores
Laboratório investigado por contaminação com HIV tem vínculo com deputado
Foto do autor Redação Redação
Por: Redação Data da Publicação: 11 de outubro de 2024FacebookTwitterInstagram
Dr. Luizinho e o seu primo - Foto: Reprodução

O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), responsável por exames que não detectaram o HIV em doadores de órgãos, está sendo investigado por sua ligação com Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário estadual de Saúde e atual deputado federal, Doutor Luizinho (PP). A informação foi divulgada inicialmente pelo G1.

Contrato que comprova Matheus Sales como um dos sócios - Foto: Reprodução

Doutor Luizinho, que deixou o cargo de secretário de Saúde, ainda mantinha influência na pasta durante a contratação do laboratório pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ). Além disso, a irmã do deputado trabalha na Fundação Saúde, entidade responsável pelo contrato firmado com o laboratório. Matheus Vieira, sócio do laboratório, já havia manifestado apoio ao deputado em suas campanhas anteriores nas redes sociais.

Em resposta, o deputado Doutor Luizinho lamentou o ocorrido e declarou apoio às investigações. Ele afirmou que conhecia o laboratório há mais de 30 anos, mas negou participação na contratação da empresa durante sua gestão como secretário de Saúde. Luizinho defendeu uma punição exemplar para os responsáveis pelo incidente e reforçou sua defesa pelo programa de transplantes no estado.

Relembre o caso

O caso veio à tona após seis pacientes, que receberam órgãos por meio do programa de transplantes da SES-RJ, terem sido contaminados pelo vírus HIV. 

O incidente foi descoberto em setembro, quando um paciente transplantado apresentou sintomas da doença nove meses após a cirurgia. Exames confirmaram a infecção por HIV, levando à descoberta de que, pelo menos, dois doadores estavam contaminados, mas os exames de triagem, feitos pelo laboratório PCS-Saleme, não identificaram o vírus.

O laboratório foi fechado pela Vigilância Sanitária e pela Coordenadoria Estadual de Transplantes após a constatação de diversas irregularidades, incluindo a falta de kits para exames essenciais. A Delegacia do Consumidor (Decon) da Polícia Civil está investigando o caso, que também está sendo acompanhado pelo Ministério da Saúde.

Pronunciamentos oficiais

Secretaria Estadual de Saúde: A SES-RJ classificou o episódio como "inadmissível" e afirmou que uma comissão multidisciplinar foi criada para acompanhar o caso e garantir a segurança dos transplantados. 

Ministério da Saúde: O órgão destacou que o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é considerado um dos mais seguros do mundo, com normas rigorosas para a proteção de doadores e receptores. 

Cremerj: O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância para apurar o caso. Segundo Walter Palis, presidente do Cremerj, a situação é grave e inaceitável, e os responsáveis serão punidos conforme o Código de Processo Ético-Profissional.

Polícia Civil: A Delegacia do Consumidor está conduzindo a investigação sob ordens do secretário de estado de Polícia Civil, delegado Felipe Curi. 

Outros envolvidos

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu informou que encerrou seu contrato com o PCS-Saleme em fevereiro de 2024. Já a Unimed Nova Iguaçu anunciou que o laboratório não faz mais parte da sua rede de prestadores desde a divulgação do caso.

O que diz o Laboratório PCS

Foto: Divulgação

Já o laboratório PCS Lab, contratado para realizar exames em doadores de órgãos no Rio de Janeiro, anunciou a abertura de uma sindicância interna para investigar o caso de pacientes transplantados que foram diagnosticados com HIV. 

A empresa informou que já enviou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Estado.

O PCS Lab também destacou que os exames foram realizados com kits recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa. A empresa garantiu que está oferecendo suporte médico e psicológico aos pacientes infectados e seus familiares, além de colaborar com as investigações conduzidas pelas autoridades competentes.

Relacionadas