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O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), responsável por exames que não detectaram o HIV em doadores de órgãos, está sendo investigado por sua ligação com Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário estadual de Saúde e atual deputado federal, Doutor Luizinho (PP). A informação foi divulgada inicialmente pelo G1.
Doutor Luizinho, que deixou o cargo de secretário de Saúde, ainda mantinha influência na pasta durante a contratação do laboratório pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ). Além disso, a irmã do deputado trabalha na Fundação Saúde, entidade responsável pelo contrato firmado com o laboratório. Matheus Vieira, sócio do laboratório, já havia manifestado apoio ao deputado em suas campanhas anteriores nas redes sociais.
Em resposta, o deputado Doutor Luizinho lamentou o ocorrido e declarou apoio às investigações. Ele afirmou que conhecia o laboratório há mais de 30 anos, mas negou participação na contratação da empresa durante sua gestão como secretário de Saúde. Luizinho defendeu uma punição exemplar para os responsáveis pelo incidente e reforçou sua defesa pelo programa de transplantes no estado.
Relembre o caso
O caso veio à tona após seis pacientes, que receberam órgãos por meio do programa de transplantes da SES-RJ, terem sido contaminados pelo vírus HIV.
O incidente foi descoberto em setembro, quando um paciente transplantado apresentou sintomas da doença nove meses após a cirurgia. Exames confirmaram a infecção por HIV, levando à descoberta de que, pelo menos, dois doadores estavam contaminados, mas os exames de triagem, feitos pelo laboratório PCS-Saleme, não identificaram o vírus.
O laboratório foi fechado pela Vigilância Sanitária e pela Coordenadoria Estadual de Transplantes após a constatação de diversas irregularidades, incluindo a falta de kits para exames essenciais. A Delegacia do Consumidor (Decon) da Polícia Civil está investigando o caso, que também está sendo acompanhado pelo Ministério da Saúde.
Pronunciamentos oficiais
Secretaria Estadual de Saúde: A SES-RJ classificou o episódio como "inadmissível" e afirmou que uma comissão multidisciplinar foi criada para acompanhar o caso e garantir a segurança dos transplantados.
Ministério da Saúde: O órgão destacou que o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é considerado um dos mais seguros do mundo, com normas rigorosas para a proteção de doadores e receptores.
Cremerj: O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância para apurar o caso. Segundo Walter Palis, presidente do Cremerj, a situação é grave e inaceitável, e os responsáveis serão punidos conforme o Código de Processo Ético-Profissional.
Polícia Civil: A Delegacia do Consumidor está conduzindo a investigação sob ordens do secretário de estado de Polícia Civil, delegado Felipe Curi.
Outros envolvidos
A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu informou que encerrou seu contrato com o PCS-Saleme em fevereiro de 2024. Já a Unimed Nova Iguaçu anunciou que o laboratório não faz mais parte da sua rede de prestadores desde a divulgação do caso.
O que diz o Laboratório PCS
Já o laboratório PCS Lab, contratado para realizar exames em doadores de órgãos no Rio de Janeiro, anunciou a abertura de uma sindicância interna para investigar o caso de pacientes transplantados que foram diagnosticados com HIV.
A empresa informou que já enviou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Estado.
O PCS Lab também destacou que os exames foram realizados com kits recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa. A empresa garantiu que está oferecendo suporte médico e psicológico aos pacientes infectados e seus familiares, além de colaborar com as investigações conduzidas pelas autoridades competentes.