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Jaqueline Pedroza: 'a gente não quer ver nossa cidade vermelha'
Em São Gonçalo, candidata do Novo duvida da eficiência da Tarifa Zero
Jaqueline Pedroza: 'a gente não quer ver nossa cidade vermelha'
Foto do autor Saulo Andrade Saulo Andrade
Por: Saulo Andrade Data da Publicação: 26 de setembro de 2024FacebookTwitterInstagram
Marcus Lacerda e Jaqueline Pedroza. Foto: Jornal A TRIBUNA

ENTREVISTA: MARCUS LACERDA. REPORTAGEM E TRANSCRIÇÃO: SAULO ANDRADE.

Debutante em eleição para a Prefeitura de São Gonçalo, a empresária e empreendedora social Jaqueline Kelen Pedroza (Novo) disse, em sabatina concedida nos estúdios do jornal A Tribuna, ser contra a Tarifa Zero nos transportes públicos, como um direito à mobilidade da população.

Ela avalia que é o cidadão quem "paga por aquilo" e classifica a política pública como "carta fora do baralho" na cidade. "Somos contra. A gente não quer ver nossa cidade vermelha. Quem vai pagar o motorista e o combustível somos nós. É um argumento para entrar na mente do cidadão, para ele pensar que São Gonçalo é como a cidade vizinha. A realidade é outra", disse, ao comparar seu município com Maricá, que recebe mais recursos provenientes dos royalties e adota o programa Tarifa Zero.

De panfletagens nas ruas a serviços administrativos internos, a vida profissional de Jaqueline Pedroza começou aos 17 anos. "Participei e criei um setor de cobrança na empresa onde atuei. Trabalhei também na administração de um cemitério, onde precisamos fazer um trabalho de humanização, junto aos clientes, num momento difícil para eles", rememora a empresária, que chegou a abrir um quiosque de açaí no Centro de São Gonçalo e foi motorista de carro por aplicativo:  

"Como motorista, conheci muita gente e as necessidades do nosso município. Ouvi as dores das pessoas. Isso me trouxe um despertar político. Hoje, empreendo na cidade. Faço o possível para estar à disposição das pessoas".

O despertar de Jaqueline Pedroza para a política surgiu em 2023, quando passou por um período de dificuldade de saúde com o filho, que precisou do serviço público municipal. "Ele estava com uma secreção no ouvido e passou pela emergência por quatro vezes. O hospital não contava com otorrino. Meu esposo teve de entrar em contato com um vereador para conseguir", rememora, acrescentando o seu ponto de vista crítico, no que toca a relação clientelista entre o cidadão e a classe política das cidades brasileiras:  

"O caso do meu filho era de internação e passei 11 dias com ele, internado. Eu estava enojada da política, porque comecei a presenciar mães, sem o direito de terem o mesmo atendimento que eu tive. São muitas as dificuldades, nos serviços públicos".

Depois daquele evento, Pedroza foi convidada a conhecer o partido Novo, que - segundo ela - "preza pela devolução daquilo que o cidadão paga como imposto".

Para a candidata, há muitas dificuldades para se empreender em São Gonçalo. "É muita burocracia. Pagamos para fiscalizar a gente. Se não estamos na base deles, somos perseguidos. O Novo chama a atenção pela responsabilidade que tem com o dinheiro público", ressaltou, antes de adentrar em outros temas, igualmente importantes para São Gonçalo.

"A mulher tem de estar no comando, para arrumar a casa, organizar a administração e as finanças públicas. Muitos valores poderiam ser melhor empenhados e direcionados. Precisamos fazer isso antes para, depois, partirmos para Segurança e Educação", apontou a candidata, como uma de suas primeiras medidas, à frente do governo. Confira.

Segurança Pública e Educação

Uma das maiores dificuldades pelas quais Jaqueline Pedroza passou, na condição de motorista de aplicativo, foi quando teve de recalcular a rota, a fim de conseguir chegar no destino: muitas ruas de São Gonçalo são bloqueadas por barricadas, levantadas pelo tráfico de drogas.

"As pessoas estão desesperadas, com a questão da segurança. Isso afeta toda a sociedade", alertou ela, que apresenta, como solução para mitigar o problema, a estruturação dos bairros com projetos sociais.

Para a empresária, é importante investir em Educação, especialmente numa cidade onde mais da metade dos jovens não são alfabetizados. "Levar conscientização política e de segurança, para mudarmos a realidade do município. Levar o poder público de fato, com mais iluminação. Dar um melhor apoio e assistência, ajudar de alguma forma. A escola é um importante meio para isso", apontou.  

Pedroza tem conversado com professores, que levam a ela queixas antigas, como por exemplo a da desvalorização profissional:

"Uma das minhas primeiras ações de governo será chamar os professores para perto, entendendo a dor do profissional. Valorizá-los, para entregarmos uma qualidade de ensino. Temos projetos para deixar as escolas abertas aos finais de semana, com aulas de capacitação para os alunos".

Trabalho e renda

Foto: A TRIBUNA

Uma das principais críticas dos gonçalenses se deve ao fato de a cidade, há muito, não se desenvolver economicamente. "Desde criança, ouço que São Gonçalo é uma cidade dormitório. Empresas daqui vão para outros municípios. Os impostos são altos, há muita falta de segurança e infraestrutura. Precisamos arrumar a casa", enumerou Pedroza, que cita o caso de um empresário que, recentemente,  foi obrigado a retirar um galpão da cidade, por motivos de segurança. A candidata vê potencial na Praia das Pedrinhas e em Santa Izabel:

"Devemos fazer parcerias com outras empresas lá. É um local muito pouco valorizado. Poderíamos gerar emprego e renda ali. Em Santa Izabel, podemos desenvolver a parte agrícola. Tornar o ambiente acessível para as empresas. Elas chegam, ficam muito pouco e vão embora. Precisamos de vagas de emprego, oportunidades e de gastar dinheiro no município".

Saúde

No que se refere a políticas públicas de saúde, a empreendedora destaca que o paciente, em São Gonçalo, chega a ficar durante cinco meses numa fila de espera. Para Jaqueline Pedroza, é preciso ampliar os espaços voltados aos cuidados das pessoas e, dentro deles, fazê-los funcionar adequadamente. "Oferecer um serviço de qualidade para a população, acertar a regulação. Há muita influência política e o paciente precisa recorrer a um vereador, quando isso deveria ser um direito", criticou, prometendo que, uma das principais ações de seu governo é a de reestruturar o sistema:  

"São Gonçalo não tem quantidade suficiente de médicos especialistas, em determinadas áreas. O neuro é consultado por WhatsApp. Um paciente não teve atendimento e morreu. Isso entristece. São vidas, não números. Quase perdi meu filho, no ano passado".

Muvi

A candidata critica o atual projeto de mobilidade que é um xodó da atual gestão da prefeitura, o Muvi (Mobilidade Urbana Verde Integrada). Para ela é uma contradição se criar uma via para bicicletas, onde "a pessoa tem que pular obstáculos":

"Obras para impressionar o eleitor. O dinheiro poderia ser investido em coisas mais efetivas. Sem contar que a segurança da cidade não está boa para se andar de bicicleta".

Saneamento básico

Ao relatar problemas do saneamento básico de São Gonçalo, Jaqueline Pedroza ressaltou que já vivenciou problemas com a concessionária que fornece água no município, a Águas do Rio. "Sou vítima dela. Passei por um problema difícil, na casa onde morava. Ele não foi solucionado. Não temos 40% do esgoto tratado, mas ele é cobrado na conta. Alegam que o problema é geográfico e não dão solução. Conheço pessoas que moram em Neves, que não podem comprar nada para dentro de casa", denunciou, referindo-se às chuvas que - historicamente -, causam muitas aos moradores:

"Antes de fazer obras, precisamos estudar, trazer engenheiros, a fim de entregarmos um plano que vá trazer resultado: não só gastar dinheiro".  

Foto: Jornal A TRIBUNA

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