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A 22ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acontece entre os dias 9 e 13 de outubro, vai homenagear o escritor e jornalista Paulo Barreto (1881-1921), conhecido pelo pseudônimo João do Rio.
Assim como o homenageado, que retratou os dilemas e transformações de seu tempo, a edição deste ano trará uma variedade de temas atuais, como mudanças climáticas, racismo, inteligência artificial e violência contra povos indígenas.
Durante os cinco dias de evento, mesas de discussão abordarão questões como o impacto das queimadas, a dor das mulheres em situações de violência e a desinformação nas redes sociais. No sábado (12), às 21h30, a mesa "Cessar o Fogo", com Pablo Casella e Txai Suruí, discutirá o impacto das queimadas na floresta, trazendo vozes diretamente da Amazônia.
Outro destaque será a mesa "Não Existe Mais Lá", na sexta-feira (11), que discutirá o diário do escritor Atef Abu Saif, que viveu os bombardeios em Gaza, e de Julia Dantas, que enfrentou a enchente em Porto Alegre.
A curadora da Flip, Ana Lima Cecilio, destaca a importância de conectar temas urgentes. "Embora não seja um congresso que traga soluções imediatas, a Flip é um espaço para refletirmos e organizarmos o caos do mundo atual", afirma Ana.
O evento contará ainda com discussões sobre o ódio nas redes sociais, abordado em uma mesa especial na sexta-feira (11). "Estamos em plena época eleitoral e já conhecemos o poder de mobilização da internet e dos grupos de ódio", acrescenta a curadora.
Além das mesas tradicionais, a Flip deste ano terá novidades. Entre elas, um podcast ao vivo em parceria com a Rádio Novelo, inspirado na obra de João do Rio, que será gravado durante o evento. Segundo Ana Lima Cecilio, essa é uma forma de explorar novos formatos, integrando áudio e vídeo à programação.
João do Rio: o cronista da cidade
João do Rio, o grande homenageado desta edição, foi um dos mais importantes autores do início do século 20 no Brasil. Além de escritor e dramaturgo, destacou-se como jornalista ao fundir reportagem e literatura. Foi pioneiro ao dar voz aos moradores das favelas e das ruas, abordando a vida urbana com uma sensibilidade ímpar. Sua abordagem inovadora e seu olhar sobre o progresso e as contradições sociais marcaram o jornalismo brasileiro, criando um novo estilo de crônica moderna.
João do Rio também foi um observador atento da rápida urbanização e transformação do Rio de Janeiro, sem deixar de reconhecer as raízes escravocratas e os maus-tratos aos imigrantes. "Ele foi um porta-voz impressionante das mudanças do Rio de Janeiro e, por extensão, do Brasil", ressalta Ana Lima Cecilio.
Sobre a Flip
Desde sua criação em 2003, a Flip é reconhecida como Patrimônio Histórico Cultural e Imaterial do estado do Rio, consolidando-se como um dos principais eventos literários do Brasil. Além das mesas de discussão e dos lançamentos de livros, o evento também promove ações de incentivo à leitura e à formação de novos leitores.