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‘Dólar R$ 6 é o novo normal’, diz economista
Hélio Nóbrega conversou com A TRIBUNA sobre a situação econômica do Brasil
‘Dólar R$ 6 é o novo normal’, diz economista
Foto do autor João Eduardo Dutra João Eduardo Dutra
Por: João Eduardo Dutra Data da Publicação: 07 de janeiro de 2025FacebookTwitterInstagram
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A virada do ano geralmente é marcada pelo aumento de contas a pagar. Impostos, débitos, material escolar e muitas outras despesas pesam no bolso dos brasileiros logo no começo de 2025. 

A TRIBUNA conversou com o economista Hélio Nóbrega para falar sobre as melhores formas de se preparar para o gasto extra e também sobre as expectativas econômicas para o ano novo.

Hélio Nóbrega é economista formado pela Universidade Cândido Mendes. Ele atua na área econômica há 50 anos e atualmente é sócio da Alvo Investimento, um escritório da XP Investimentos.

Foto: Hélio Nóbrega

Começando pelos tributos que os cidadãos têm que pagar no início do ano, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) são os impostos tradicionais que vencem no início do ano. 

O contribuinte tem duas opções, ou pagar a vista com desconto, ou parcelar em quantas vezes é permitido.

O desconto do IPVA é 3% para quem paga à vista no Rio de Janeiro, enquanto o do IPTU, em Niterói, pode chegar a 13%. Para Hélio, a melhor opção depende de cada tipo de pessoa.

“Depende muito da pessoa. Se a pessoa tem uma carteira de investimentos ativas, ou uma aplicação que rende alguma coisa, e é controlada, é melhor parcelar, porque esse dinheiro do desconto vai render mais. 

"Porque o desconto geralmente vai ser menor que o rendimento de uma aplicação. Mas não é todo mundo que é regrado assim, então em alguns casos, para alguém que não tem rendimento passivo, é melhor usufruir do desconto”, disse o economista.

Hélio também falou sobre um dos piores juros do mercado, o do rotativo do cartão de crédito, que é cobrado quando alguém não consegue pagar a fatura por completo. Os juros já passaram dos 400% ao ano em anos anteriores.

“A nova lei melhorou bem a situação. Antigamente, quando você não conseguia pagar a fatura toda, essa dívida era o rotativo do cartão, e ela ia acumulando mês após mês, com juros sobre juros, o que gerava um dos maiores juros possíveis. 

"A nova lei só deixa entrar no rotativo no primeiro mês, depois o banco tem que renegociar a dívida com uma taxa mais acessível, não deixando virar uma bola de neve e limitando o juros do rotativo a 100% ao ano”, comentou Hélio.

Porém, o economista brinca que “a melhor opção é não ter dívida”. Segundo ele, apesar da melhora, o juros do cartão ainda é uma das piores dívidas que qualquer um pode ter. Ele falou que o cartão de crédito em si não é problema, mas a pessoa tem que saber controlar os seus gastos.

“Novamente, se a pessoa tem um dinheiro aplicado, um rendimento legal, o cartão de crédito te dá um mês para pagar, e esse tempo o seu dinheiro está rendendo. 

"Sem contar pontos, cashback e outras vantagens. Se a pessoa é regrada com os pagamentos, não tem problema no cartão de crédito”, disse o economista.

Falando sobre o cenário mais amplo da economia brasileira, o economista não é tão esperançoso para o futuro próximo. 

Apesar dos bons números na taxa de desemprego e outros indicadores, algumas taxas, como a inflação, juros básicos e dólar seguem aumentando.

“Não tem bobo no mercado. Isso (bons números) pode ser um ‘voo de galinha’. Está tudo bem, mas se não tiver controle fiscal, se os gastos voltarem a aumentar, a inflação vai subir, e o dólar e a Selic vão juntos. 

"Veja bem, a inflação não está descontrolada, mas ela está pressionada, deve ficar acima do teto da meta. O Brasil tem um dos juros básicos mais altos do mundo, mas se não tiver o juros alto, a inflação dispara, e isso é bem pior que a alta nos juros. Enquanto a inflação não estiver controlada, o remédio é esse”, comentou Nóbrega.

Apesar do pacote de corte de gastos ter sido publicado no final do ano passado, Hélio não acha que as medidas são suficientes. Ele acredita que o Governo tem que “melhorar” o pacote para aliviar a pressão no dólar e na inflação.

“Dólar R$ 6 é o novo normal. Vai ser muito difícil abaixar de R$ 6. Só com uma mudança muito grande, que eu não vejo acontecer neste ano.” Finalizou Hélio.

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