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Representando o governo brasileiro na reunião Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, na Suíça, o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Fox-Drummond Gough, criticou nesta quarta-feira, 23, a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra os produtos brasileiros.
O embaixador também criticou o uso de “medidas comerciais unilaterais como instrumento de interferência nos assuntos internos de outros países”.
“Infelizmente, neste exato momento, estamos testemunhando um ataque sem precedentes ao Sistema Multilateral de Comércio e à credibilidade da OMC. Tarifas arbitrárias, anunciadas e implementadas de forma caótica, estão interrompendo as cadeias de valor globais e correm o risco de lançar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação”, discursou o diplomata.
A manifestação de Philip Gough recebeu o apoio dos 27 países que integram a União Europeia e mais 13 nações, entre as quais, Canadá, Índia, Rússia e China.
De acordo com o embaixador, as medidas unilaterais representam “violação flagrante dos princípios fundamentais que sustentam a OMC, essenciais para o funcionamento do comércio internacional”. Gough alertou sobre os riscos desse tipo de tratamento para a economia mundial.
“Além das violações generalizadas das regras do comércio internacional – e ainda mais preocupantes –, estamos testemunhando uma mudança extremamente perigosa em direção ao uso de tarifas como ferramenta para tentar interferir nos assuntos internos de terceiros países”, argumentou o diplomata brasileiro.
O diplomata brasileiro defendeu que os países redobrem seus esforços em prol de uma reforma estrutural do sistema multilateral de comércio e da plena recuperação do papel da OMC.
“Continuaremos a priorizar soluções negociadas e a confiar em boas relações diplomáticas e comerciais. Caso as negociações fracassem, recorreremos a todos os meios legais disponíveis para defender nossa economia e nosso povo – e isso inclui o sistema de solução de controvérsias da OMC”, complementou.
União dos países em desenvolvimento
Ao final, o embaixador disse que o Brasil está pronto para começar a trabalhar em direção a uma reforma estrutural e abrangente da OMC, e defendeu a união das economias em desenvolvimento para lidar com a situação.
“As economias em desenvolvimento, que são as mais vulneráveis a atos de coerção comercial, devem se unir em defesa do sistema multilateral de comércio baseado em regras. Negociações baseadas em jogos de poder são um atalho perigoso para a instabilidade e a guerra”.
Assim que o Trump anunciou o ‘tarifaço’, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que iria apresentar recurso à OMC para tentar conter a implantação da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados aos EUA.