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Talíria quer todas as crianças na escola e tarifa zero em Niterói
Candidata do PSOL fala de seus desafios e propostas
Talíria quer todas as crianças na escola e tarifa zero em Niterói
Foto do autor Anderson Carvalho Anderson Carvalho
Por: Anderson Carvalho Data da Publicação: 01 de outubro de 2024FacebookTwitterInstagram
Júllia Paiva

Que todas as crianças estejam na escola no primeiro dia do ano letivo. Esse será o primeiro ato de Talíria Petrone, candidata a prefeita de Niterói pelo PSOL, caso seja eleita. Melhorar a educação é uma das principais propostas de seu programa de governo, junto com a implantação da tarifa zero nos ônibus, sem falar em zerar a fila dos exames médicos na rede de saúde pública. A socialista deu entrevista na sabatina do jornal A TRIBUNA e expôs suas propostas para o município nos próximos quatro anos. Ela disputa a prefeitura pela primeira vez.

Talíria é militante feminista negra, socialista, professora de História da UFRJ, mestre em Serviços Sociais e Desenvolvimento, em 2016, foi a vereadora mais votada da cidade. Em 2018, foi a nona deputada federal mais votada do estado do Rio de Janeiro, com mais de 100 mil votos e reeleita com quase 200 mil votos. Terceira mais votada do estado.

 

População em situação de rua

“Nós criamos o projeto Acolher, que tem alguns aspectos. Primeiro, empregabilidade. A proposta que a prefeitura pague metade do salário para empregadores que contratarem pessoas que estão na rua hoje. Isso é bom para o empregador, bom para a pessoa que está na rua. E digo isso, porque esse é um dos carros chefes do projeto Acolher. Porque apenas 17% das pessoas que estão na rua, porque fazem uso problemático de álcool e outras drogas. A gente precisa entender que uns 80% é gente que não tem casa, que não tem dinheiro para passagem, de gente que não tem possibilidade social de sair da rua. Então, para essas pessoas, empregabilidade, a partir deste projeto, moradia popular com auxílio-moradia, identificação dos imóveis vazios para moradia popular. Para quem está na rua usando droga, existe a rede de atenção psicossocial. A gente não tem CAPS suficientes, em especial 24 horas, que são espaços de cuidado para quem faz uso abusivo de drogas. A gente vai fortalecer, de forma robusta, a rede de atenção psicossocial. Para os casos em que pessoas não controlam seus atos, fazendo mal para si mesmas e para a sociedade, que são exceções, já é prevista na lei a internação. O projeto Acolher vai envolver várias secretarias, coordenado pela Secretaria de Cuidados, que pretendemos criar, que vai ter como principal objetivo tirar as pessoas da rua, entendendo de forma individualizada a necessidade de cada pessoa.

 

Educação

“Um plano emergencial, no primeiro dia do ano letivo, para toda criança estar na escola. Tem dois Cieps, no Cantagalo e Fonseca, que hoje são usados para projetos sociais, que funcionam, que podem ser mantidos ali. A gente vai abrir já mil vagas naquelas Cieps. Também vamos, ao longo de nosso governo duplicar o número de vagas em tempo integral, garantir a universalização de creche integral, duplicar o número de vagas de educação de jovens e adultos, a partir da criação de dez escolas nos dois primeiros anos. Seja por construção de escolas novas, seja identificando imóveis vazios, para tornarem em escolas. Seja pegando escolas privadas fechadas, trazendo para a rede municipal. Tem um projeto que é o Espaço Coruja. A gente vai utilizar as escolas do município para criar no turno noturno, um espaço de cuidado e acolhimento para as crianças e famílias que as mães precisem e os pais, trabalhar, na parte da noite.”


Relação da Prefeitura com a UFF

“A gente não vai usar só a UFF, para por exemplo, ter pré-vestibulares municipais das cinco regiões, como também atrelar a produção científica da UFF ao Complexo Industrial da Saúde. A gente pode ter por exemplo, fortalecimento de produção de próteses, de equipamentos menos complexos. Niterói vai ser no meu governo polo de software, games. A gente pode usar a Faculdade de Engenharia da UFF para processos de urbanização que as favelas precisam na cidade”.


Indústria naval

“São mais de 14 mil vagas da indústria naval fechadas aqui em Niterói. Sem dúvida, nós vamos seguir tendo uma grande articulação com o governo federal, a reabrir o maior número de vagas possível na indústria naval. Ao mesmo tempo, é possível você usar a indústria naval para a produção de barcos, para os esportes náuticos, em parceria com a pesca industrial”.

 

Turismo

“Uma parceria com a indústria hoteleira, inclusive parceria com a capital, com o futuro prefeito, para que a gente, “olha, vem a Niterói e conheça o Rio”. É possível fazer essa dobradinha Rio-Niterói e não ficar à sombra do Rio de Janeiro. Fortalecer o turismo de base comunitária, com os pescadores”.


Royalties do petróleo

“Hoje é óbvio que a gente tem uma dependência grande dos royalties. Por isso, esses recursos dos royalties precisam também ser usados para políticas estruturantes na cidade, seja o programa Favela Viva, que a gente está propondo, que é um grande processo de urbanização das favelas, seja construção de escolas, de hospitais. A gente vai ter uma ampliação muito significativa da Moeda Arariboia. Ela vai aumentar a renda das famílias, seja as mais pobres e com as famílias mais pobres com uma renda maior, elas vão consumir dentro da cidade. A moeda Arariboia pode ser um instrumento de empréstimo a juro zero para pequenos empreendedores, médios empreendedores, isso vai fazer com que a gente tenha também geração de empregos.”


Tarifa zero

“Nós vamos fazer uma transição para a tarifa zero. Quanto custa isso? Menos de 3% do orçamento. Se você olha Niterói, que é uma cidade com uma extensão territorial pequena, você garantir a tarifa zero aqui mudando inclusive a maneira como esse custo é contado, pensando em quilômetro rodado, você vai ter uma previsibilidade econômica para as empresas de ônibus e você vai ter uma viabilidade para executar isso no orçamento. Eu vou sentar com os empresários de ônibus. Eu vou dizer: ‘Olha, eu vou fazer a tarifa zero’. ‘Como vocês querem lidar com isso?” A gente tem que pensar que existe um contrato de concessão com essas empresas, tem que rever essas concessões. Vamos ver se vai ser possível começar com toda a frota, se começa com linhas que ainda não existem e aí, por fora destas concessões. Quem usa ônibus, têm estudos que mostram que as pessoas economizam cerca de 20% da sua renda. Todo esse dinheiro volta para a cidade. Se reveste em arrecadação. Os empresários economizam na passagem dos seus funcionários, podendo inclusive contratar mais alguém, gerar mais emprego. Você tem as pessoas circulando mais pela cidade, aumenta a arrecadação do ISS. Vai ter menos gente usando carro. O trânsito diminui, a poluição diminui”.

 

Trânsito

Todo mundo que sai de Itaboraí, Maricá, São Gonçalo, passa por Niterói para ir ao Rio de Janeiro. Então, tem soluções que passam por toda a região. Se falava muito no passado na Linha 3 do Metrô. Quem sabe a gente não faz uma grande articulação com o governo federal pra caminhar para isso. Mas, pensando em termos de município, o VLT, saindo ali da Zona Norte para a área central, pode desafogar, a gente experimentar como o Rio começou a fazer agora, em São Paulo, linhas exclusivas para motos nas grandes avenidas, porque a moto vai cortando ali, tem um acidente, o trânsito vai travando a partir disso. Também vamos ampliar a ciclovia para a Zona Norte. A prefeitura mandou uma lei, de uso e ocupação do solo para a Câmara, que propõe construção de prédios. Se você vai construir prédio, com mais gabarito, em mais lugares da cidade, você tem um colapso de serviços, um aumento do trânsito na cidade. A gente precisa inverter esse modelo. Dar uso aos imóveis vazios que tem na cidade. A gente está com um programa que é o Revive Centro, você dar uma nova vida ao Centro da cidade, seja com uma ocupação cultural, seja usando para imóveis residenciais, os prédios vazios da área central da cidade.”


Saúde

“Niterói amarga um dos piores índices da atenção básica. Falta tudo. Falta remédio de pressão no postinho, falta dipirona, há uma baixíssima cobertura do programa Médico de Família, que hoje é chamado de Estratégia de Saúde da Família. Nós vamos ampliar. É possível com mais 80 equipes, de Médico de Família, ampliar para 100% de cobertura. Nós vamos ter Super Médico de Família, que nas cinco regiões, a gente vai ter um Médico de Família ampliado, com raio-x e ultrassom, para desafogar essa fila de exames. Vai ser zerada, porque a gente vai ter uma regulação que funciona. Hoje, as pessoas saem de um médico que demora meses para marcar com papelzinho na mão e não tem nenhum prontuário eletrônico. Não sabe para onde vai. Se você sai da Atenção Primária e vai para as policlínicas, estão com o parque tecnológico defesado. De cadeira quebrada, falta de especialistas e equipamentos velhos. Tem o centro cirúrgico do Carlos Tortelly fechado, falta leitos. Então também vai ter essa ampliação de leitos, abertura do centro cirúrgico do Carlos Tortelly. A gente vai criar o Centro de AVC e Infarto. Niterói é uma cidade que envelhece muito e tanto não tem nenhum equipamento de convivência para idosos. Nós vamos ter um centro para idoso em cada região.”


Guarda Municipal

“Guarda Municipal vai ter o seu papel, que não vai ser o de ficar brigando com camelô, nem eles querem. Vai ajudar no enfrentamento à violência doméstica, o policiamento comunitário e ajudar a guardar patrimônio. E nós vamos valorizar a Guarda. Melhorar o Plano de Cargos e Salários da Guarda Municipal.”


 

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