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A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) realizou neste sábado (19) uma operação para prender os suspeitos de participarem da tentativa de homicídio contra o bicheiro Vinicius Pereira Drumond, de 41 anos, ocorrida no último dia 11 de julho, na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
O crime, segundo a Polícia Civil, teve características de execução e envolveu um grupo fortemente armado e com ligação com a contravenção e organizações criminosas da Baixada Fluminense.
Durante a ação policial, foi preso Deivyd Bruno Nogueira Vieira, conhecido como Piloto, um ex-policial militar expulso da PM por envolvimento com tráfico e receptação de veículo roubado. Ele foi localizado em Nova Iguaçu, na Baixada, e estava com uma pistola calibre 9mm de uso restrito, motivo pelo qual também foi autuado em flagrante. Contra ele havia mandado de prisão temporária expedido pela Justiça.
Segundo a DHC, além de Deivyd, também participaram do ataque os criminosos Rafael Ferreira Silva, o Cachoeira, Adriano Carvalho de Araújo, e Luís César da Cunha, policial militar da ativa, lotado no 15º BPM (Duque de Caxias). Os três são considerados foragidos, e a Polícia Civil cumpre mandados de prisão preventiva contra eles.
Emboscada com fuzis e carro adaptado
O atentado ocorreu por volta das 11h, em plena luz do dia, nas proximidades da estação BRT Ricardo Marinho. Vinicius Drumond havia deixado o Casa Shopping, acompanhado por seguranças, quando passou a ser seguido por dois veículos, que o perseguiram pela Avenida das Américas.
Ao se aproximarem do carro do contraventor — um Porsche blindado, de onde ele conseguiu sair com ferimentos leves — os criminosos dispararam pelo menos 30 tiros de fuzil calibre 7,62mm. Os disparos foram feitos de dentro de um carro também blindado e adaptado com "seteiras" nas quatro portas, aberturas que permitem atirar do interior com proteção.
Após o ataque, os veículos usados no crime seguiram por caminhos distintos: o carro que abrigava os atiradores foi abandonado em Guaratiba, com um pneu estourado. Seus ocupantes, encapuzados e portando fuzis, renderam uma mulher e a obrigaram a levá-los até Nova Iguaçu, onde foram resgatados por outro integrante da quadrilha.
A investigação conseguiu mapear todo o trajeto antes e depois do crime, inclusive o início da operação criminosa em Duque de Caxias. Os policiais reuniram imagens de câmeras de segurança, que revelaram que o grupo monitorou a rotina da vítima nos dias anteriores à emboscada.
Ligações com outros crimes
Dois dos alvos da operação, Piloto e Cachoeira, também são investigados pela execução do advogado Rodrigo Marinho Crespo, morto a tiros em fevereiro deste ano, no Centro do Rio. Rafael Ferreira, o Cachoeira, já havia sido preso em 2022 por envolvimento em sequestro, uso de arma restrita e atuação em milícia.
Quem é Vinicius Drumond
Filho de Luizinho Drumond, histórico patrono da Imperatriz Leopoldinense e chefe do bicho na Zona da Leopoldina, Vinicius herdou parte dos pontos da contravenção ligados a bairros como Ramos, Bonsucesso, Manguinhos e Penha. Segundo a Polícia Civil, ele expandiu suas atividades ilegais e chegou a ser apontado como o "chefe financeiro" de uma quadrilha envolvida no furto de combustíveis de dutos da Petrobras, desarticulada pela Operação Ouro Negro em fevereiro deste ano.
Apesar de manter certo afastamento das atividades públicas da escola Imperatriz — atualmente presidida por uma irmã —, Vinicius Drumond foi anunciado, no último dia 8, como patrono da Em Cima da Hora, escola da Série Ouro do carnaval carioca.
PM investigada
A Corregedoria da Polícia Militar confirmou que acompanha o caso e colabora com a investigação da DHC. O policial Luís César da Cunha, da ativa, é um dos alvos da operação e teve mandado de prisão expedido.
As diligências continuam para localizar e prender os demais envolvidos na tentativa de homicídio. O caso é tratado como uma disputa interna da contravenção, que pode ter ligações com execuções anteriores.