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O tarifaço de Trump em Niterói: quais setores serão mais afetados?
Saiba como funciona o comércio exterior da cidade para os Estados Unidos
O tarifaço de Trump em Niterói: quais setores serão mais afetados?
Foto do autor Pedro Menezes Pedro Menezes
Por: Pedro Menezes Data da Publicação: 24 de julho de 2025FacebookTwitterInstagram
Niterói exporta petróleo bruto, que movimentou US$ 16,7 milhões em 2024 - Foto: Reprodução

O anúncio do “tarifaço” pelo governo dos Estados Unidos acendeu um sinal de alerta no setor produtivo do Rio de Janeiro, especialmente em municípios que vêm se destacando nas exportações. Niterói é um exemplo.

Embora não esteja entre os principais exportadores fluminenses para o mercado norte-americano, a cidade ocupa a décima posição no ranking estadual. Com o aumento tarifário de até 50% sobre produtos brasileiros, previsto para entrar em vigor em 1º de agosto, parte das exportações niteroienses pode ser comprometida, afetando diretamente setores como a indústria e o agronegócio.

Somente em 2024, Niterói movimentou US$ 28,5 milhões em vendas externas para os Estados Unidos, o que representa aproximadamente R$ 157,4 milhões.

 

Niterói poderá sofrer retração brusca nas vendas, especialmente a indústria naval - Foto: Reprodução

 

Exportações para os EUA: o que está em risco?

Niterói exporta dezenas de produtos para os Estados Unidos. O principal deles é o petróleo bruto, que sozinho movimentou US$ 16,7 milhões em 2024. Outros itens de destaque incluem especiarias como gengibre, açafrão e cúrcuma (US$ 2,8 milhões); peças para aeronaves e navios (US$ 1,7 milhão); raízes e tubérculos com alto teor de fécula (US$ 1,1 milhão); e farinha de carne ou peixe imprópria para consumo humano (US$ 1 milhão).

Há ainda exportações de produtos industriais, como pedras de cantaria e blocos ornamentais (US$ 1 milhão); peças automotivas, como pistões e válvulas (US$ 670 mil); tubos plásticos (US$ 360 mil); turbinas a gás (US$ 280 mil); e quadros de comando elétrico (US$ 243 mil).

Se o “tarifaço” for implementado nos moldes anunciados, com elevação de 50% nas tarifas de importação, Niterói poderá sofrer uma retração brusca nas vendas aos Estados Unidos, especialmente em setores sensíveis como petróleo, indústria naval e agrícola.

 

Comércio exterior de Niterói

Niterói viveu em 2024 um ano de desempenho expressivo no comércio exterior. Segundo o boletim Rio Exporta, da Firjan, o município movimentou US$ 468 milhões em exportações, o maior volume entre os municípios do Leste Fluminense e 61% a mais que em 2023. 

 

Em 2024, Niterói movimentou R$ 157,4 milhões. em vendas externas para os Estados Unidos - Foto: Reprodução

 

O bom desempenho foi impulsionado principalmente pelas vendas de óleos brutos de petróleo para o Sudeste Asiático. A Malásia, com US$ 300 milhões em compras, respondeu por quase 60% das exportações niteroienses. Singapura aparece em segundo lugar, com US$ 62 milhões (12%), seguida da Dinamarca, com US$ 34 milhões (7%). Já os Estados Unidos, foco do tarifaço, representaram 6% do total exportado, somando US$ 28,5 milhões.

 

O impacto vai além da cidade

Embora Niterói não esteja entre os maiores exportadores para os EUA no estado, o impacto da medida é visto com preocupação pela Firjan. O levantamento da federação estima um prejuízo de R$ 830 milhões para o Rio de Janeiro, caso o tarifaço entre em vigor. Ao todo, 48 municípios poderão ser afetados. O estado fluminense é o segundo maior exportador para os EUA no país, com destaque para petróleo bruto e aço.

As indústrias de petróleo e gás empregam aproximadamente 40 mil pessoas no estado, e a metalurgia, outras 48 mil. Entre os municípios mais atingidos estariam Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São João da Barra, Macaé e Volta Redonda.

Diante do cenário de incerteza, a Firjan defende a intensificação do diálogo entre os governos brasileiro e norte-americano, bem como a prorrogação do prazo para negociação. "Essa imprevisibilidade é prejudicial para todos, principalmente para as pequenas e médias empresas fluminenses", alertou o presidente da federação, Luiz Césio Caetano.

Procurada, a Prefeitura de Niterói não respondeu aos questionamentos do jornal A Tribuna até o fechamento desta reportagem.

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