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Mauro Touguinhó
O ano de 2024 não foi fácil para os jornaleiros de Niterói. O motivo: invasões e furtos de bancas de jornais durante a madrugada. De acordo com a Associação de Proprietários de Bancas de Jornais e Revistas de Niterói e São Gonçalo (Aproban), a cidade registrou arrombamentos e furtos em 38 pontos.
Em média, de acordo com os dados passados com exclusividade para o jornal A Tribuna, são pouco mais de três casos por mês. Em dezembro, foram quatro ocorrências na última semana do ano, evidenciando uma intensificação das atividades criminosas durante o período festivo.
Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, teve seu estabelecimento comercial atacado por ladrões na madrugada do dia 28 de dezembro, na Avenida Ary Parreiras, em Icaraí.
"Os arrombamentos acontecem sempre entre 2h e 4h da manhã. Nós, jornaleiros, não sabemos mais o que fazer. Procuramos a polícia, mas eles dizem que não podem agir. A sensação é de completo abandono", desabafou.
Segundo a Aproban, os ataques estão concentrados no Centro e nos bairros de Icaraí e Fonseca, zonas Sul e Norte do município, respectivamente.
Os proprietários pedem reforço no policiamento e a implementação de um grupamento ostensivo nas áreas mais críticas.
"O nosso maior gargalo é o Centro de Niterói. Porque os outros bairros têm mais moradia, têm restaurantes e bares que ficam abertos até mais tarde. Mas se você passa de 22h até às 6 horas no Centro, não tem ninguém, então basicamente o gargalo é o Centro, porque fica abandonado", explicou o presidente da Aproban, Antônio Ciambarella.
"A presença de patrulhamento noturno nessas regiões é considerada essencial para inibir ações criminosas e proporcionar maior segurança aos proprietários de bancas e à população em geral", complementou o diretor da Aproban, Renato Azeredo.
Recordista de invasões e furtos em Niterói, a Banca Alex Tricolor, que fica na esquina da Rua Maestro Felício Toledo com a Avenida Ernani do Amaral Peixoto, já foi sete vezes foi alvo dos bandidos nos últimos dois anos. Em março de 2024, ladrões forçaram e derrubaram as portas, inclusive as laterais, e levaram quase R$ 10 mil em produtos.
"A minha banca foi arrombada uma vez em 2024, depois do Carnaval. Eu tive um prejuízo de quase R$ 10 mil. Levaram tudo. Deixaram tudo quebrado, até a porta. Vou esperar o que desses caras? Eles não fazem nada ninguém", disse Alex, proprietário da banca, se referindo às pessoas em situação de rua.
Outra vítima dos criminosos, o jornaleiro Felipe Costa, proprietário da Banca da Enel, ficou desolado e revoltado após ter o ponto invadido e furtado. O crime aconteceu na Avenida Ernani do Amaral Peixoto, esquina com a Avenida Rio Branco.
Os criminosos usaram um pé de cabra para arrombar a porta e levaram um notebook, cigarros e dezenas de chips, além de terem estragado doces, revistas e alimentos que estavam na geladeira. O valor estimado do prejuízo é de R$ 5 mil, incluindo o que vai ser gasto com o reparo.
"Me sinto inseguro. A Amaral Peixoto está largada. Não há segurança alguma. E olha que aqui é perto do posto policial das barcas. Estou pensando no que eu vou fazer. Estou pensando em fechar, porque consertar tudo e arrombarem de novo, não dá!", desabafou Felipe Costa.
A situação permanece crítica no início de 2025, com quatro novos casos de arrobamento e furto em apenas nove dias. Esses ataques frequentes têm gerado preocupação significativa entre os jornaleiros, que enfrentam prejuízos financeiros e uma crescente sensação de insegurança.
Na madrugada desta quinta-feira (9), por volta das 22h, uma banca de jornal foi alvo dos ladrões na esquina da Rua General Pereira da Silva com a Rua Mem de Sá. Os bandidos, um deles usando tornozeleira eletrônica, arrancara os cadeados e levantaram a porta do ponto comercial.
"Cortaram os cadeados, entraram e roubaram todo o estoque de cigarro, biscoitos, artigos de tabacaria e todo o dinheiro do caixa. Pegaram tudo que estava ao alcance deles. Tive um prejuízo em torno de R$ 2 mil, por causa das portas, cadeados e dos cigarros que levaram", reclamou o proprietário, que não quis se identificar.
A reportagem do jornal A Tribuna procurou pela Secretaria de Estado da Polícia Militar, que informou que o comando do 12ºBPM (Niterói) está atento à questão de furtos em estabelecimentos e atua em parceria com a delegacia da área para identificação dos acusados.
"O 12ºBPM atua preventivamente através da "Operação Antifurto", que consiste no direcionamento do policiamento ostensivo no período noturno e madrugada, com abordagens e revistas nos locais e horários de incidência de furtos".
Na noite de natal, policiais militares de Niterói em patrulhamento na Avenida Amaral Peixoto, prenderam em flagrante um homem após o arrombamento de uma banca de jornal. Ele foi encaminhado para a 76ªDP.
No último fim de semana, policiais do 12º BPM (Niterói) prenderam dois homens acusados de furtar bancas de jornal. De acordo com a Polícia Militar, eles invadiram e levaram produtos de dois pontos localizados no Centro de Niterói, nos dias 30 e 31 de dezembro.
No início de 2025, um oficial do 12º BPM (Niterói) se apresentou aos associados da Aproban através de um grupo de WhatsApp criado para comunicar à Polícia Militar os casos ocorridos e os colocou em contato com os responsáveis pelas áreas do Centro, Icaraí e Fonseca. A ideia é que sejam compartilhadas com mais rapidez urgências e informações sobre os casos ocorridos, para que a PM possa agir no momento certo.
