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No dia 27 de novembro de 2024, A Tribuna noticiou que a Prefeitura de Niterói havia garantido a compra de 30 ônibus elétricos.
O processo licitatório, conduzido pelo sistema de pregão eletrônico, foi vencido pela empresa TEVX Motors Group, representante da marca chinesa Higher.
De acordo com o Executivo, a previsão é que eles sejam entregues em até 180 dias.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura, para saber se havia alguma data exata, mas foi informada que a nova administração municipal ainda irá anunciar quando os veículos chegarão e começarão a operar.
Ainda segundo o Executivo niteroiense, há a estimativa que cada ônibus elétrico evitará a emissão de, em média, 115 toneladas de gases de efeito estufa por ano, o equivalente ao plantio de 800 árvores.
A Tribuna conversou com Márcio D’Agosto, professor de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), que explicou as vantagens dos veículos elétricos, em relação aos a combustão.
"A primeira vantagem é deixarmos de sermos dependentes do óleo diesel. Hoje em dia, todo transporte rodoviário coletivo urbano depende do diesel, que é um insumo escasso e, ao longo do tempo, pode haver um problema de aumento de valor. A segunda vantagem é que, efetivamente, os veículos elétricos são bem mais eficientes do que os convencionais. Há um custo operacional menor".
O professor também ressaltou que os veículos elétricos tendem a ter uma vida mais útil, mas destacou que há pouco histórico para que haja certeza.
"O veículo elétrico tem uma tendência a ter um desgaste na parte elétrica/mecânica menor, ao longo do tempo, do que um veículo convencional, que tem um motor térmico, muito quente.
No entanto, o veículo elétrico tem uma parte eletrônica que possui elementos que não são propensos a dar problemas, mas podem dar problemas, e, efetivamente, não há histórico disso. E tem a questão da vida útil da bateria, que pode durar muito ou pode durar pouco. Não temos muitas experiências sobre isso".
Márcio comentou que, mesmo trazendo vantagens operacionais e estruturais, a falta de histórico no uso de ônibus elétricos é justamente um dos grandes desafios trazidos pelo uso do veículo.
"Os desafios são que não há valor de revenda, atualmente, dos ônibus elétricos, ao fim da vida útil, nem o uso que possa haver.
"Então, não sabemos, efetivamente, se este veículo vai ser um veículo que vai pode ser aproveitado, em termos de ser um ativo, como é feito, atualmente, com o veículo a diesel, porque o veículo a diesel tem um mercado, um domínio de operação".
No dia 29 de dezembro, A Tribuna noticiou que carros elétricos, na Alemanha, rodaram 260 mil km e ainda tinham 90% da vida útil da bateria.
O professor explicou que, em relação aos ônibus elétricos, se trata de outro serviço, não podendo ser aproveitada a experiência.
"Isso tudo vai depender da arquitetura de construção do veículo. Por exemplo, do regime de operação do veículo, do ciclo de carregamento. Se falamos de um automóvel de passeio, de uso individual, que roda poucos quilômetros por dia, num trânsito urbano, que ele possa aproveitar a regeneração, isso vai dar uma sobrevida à bateria.
"Com o ônibus, isso não acontece. Além dele ser um veículo pesado, ele também vai ter um custo de recarga diário, o que compromete, talvez, mais rapidamente a bateria".