A 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Itaboraí denunciou e pediu a prisão preventiva de Gizele Matos de Almeida Gonçalves, por homicídio triplamente qualificado. De acordo com a denúncia ajuizada nesta quarta-feira (8), Gizele matou a filha de seis anos, Cecilia Matos Gonçalves, por inanição, ao deixar a criança sem alimentação durante dias seguidos.

A denúncia destaca que, no último dia 3 de janeiro, após relatos de moradores do edifício onde residiam mãe e filha, no número 219 da Rua Andréa Conceição dos Santos, em Itaboraí, policiais entraram no apartamento de Gizele e encontraram o corpo de Cecilia em estado avançado de decomposição.

Segundo investigação da Polícia Civil, a mãe trancou a filha no local sem alimentá-la e dar água. Os vizinhos contaram que não viam a criança desde o início das férias escolares. O apartamento permanecia trancado, o que levantou suspeitas, em especial no dia 26 de dezembro, quando moradores relataram um cheiro muito forte vindo do local.

Em depoimento, Gizele confessou que matou a sua própria filha por inanição, deixando-a sem comida e água até que a menina viesse a óbito, não sabendo ao certo quando a menina faleceu. Ela contou ainda ter constatado que, no dia 24 de dezembro, a criança não estava mais viva. Gizele alegou que “fez um bem à própria filha” para protegê-la.

"Eu ouvi a mãe no dia da prisão. Ela foi presa pelo crime de ocultação de cadáver. Foi instaurado um inquérito policial a parte para investigar homicídio e ela é a principal suspeita. Ela confessou isso no depoimento dela", explicou o delegado Pedro Henrique, da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, na terça-feira (7), ao jornal A Tribuna.

A denúncia ainda relata que foi encontrado, no interior da residência, um caderno com a contagem regressiva do dia da morte da vítima, mostrando que o crime foi premeditado e realizado com requintes de crueldade. Isso porque a criança ficou em extrema fraqueza e esgotamento, sendo a inanição a manifestação mais grave da desnutrição.

“O crime foi praticado por motivo fútil, visto que a denunciada alegou que matou a filha porque está desempregada e com dificuldades financeiras. Foi cometido por meio cruel, eis que a vítima foi submetida a intenso sofrimento físico, sendo privada de alimento e água por vários dias. E foi cometido contra menor de 14 anos”, destaca um dos trechos da denúncia assinada pelo Promotor de Justiça Paulo Sally.