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Morreu na manhã deste sábado (12), aos 88 anos, o crítico, teórico e cineasta Jean-Claude Bernardet, um dos nomes mais influentes do pensamento cinematográfico brasileiro.
Internado no Hospital Samaritano, em São Paulo, Bernardet convivia com HIV, câncer reincidente na próstata, que optou por não tratar com quimioterapia, e uma degeneração ocular que comprometeu sua visão. A informação foi confirmada pelo cineasta Fábio Rogério, que o acompanhava nos últimos dias. A causa exata da morte ainda não foi divulgada.
Figura central na história do cinema brasileiro, Bernardet nasceu em Charleroi, na Bélgica, em 1936, e passou a infância em Paris. Chegou ao Brasil aos 13 anos e se naturalizou brasileiro em 1964.
Formado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris), tornou-se doutor em Artes pela USP, onde também lecionou por décadas na Escola de Comunicações e Artes.
Começou sua trajetória como crítico no jornal O Estado de S. Paulo, a convite de Paulo Emílio Salles Gomes.
Atuou como interlocutor do Cinema Novo e travou diálogo, e posteriormente rompimento, com Glauber Rocha, especialmente após a publicação de seu livro Brasil em Tempo de Cinema (1967), obra que marcou gerações.
Foi um dos criadores do curso de cinema da Universidade de Brasília (UnB) e participou de diversas produções cinematográficas como roteirista, assistente de direção e até ator.
Nos anos 1990, dirigiu os médias São Paulo, Sinfonia e Cacofonia (1994) e Sobre Anos 60 (1999). Também publicou romances e criou o brinquedo Combina-cor, lançado pela Grow.
O velório será realizado na Cinemateca Brasileira, com horário a ser divulgado.