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Jonathan Silva Cardoso, vulgo Joaninha, de 31 anos, morto a tiros na madrugada deste sábado, 25, em um bar no centro de Rio Bonito, tinha sete anotações na Polícia Civil.
Três por homicídio, duas por receptação, uma por estelionato e uma por extorsão — e era suspeito de integrar uma milícia.
Ele deixou a cadeia no dia 7 de março deste ano.
Segundo Polícia Civil, em 2019, Jonathan havia sido preso pela 71ª DP (Itaboraí) por extorsão, estelionato, homicídios e organização criminosa nos municípios de Itaboraí, Araruama e Maricá.
Ele também respondeu por resistência armada por conta da fuga de uma operação realizada para capturá-lo.
O ataque está sendo investigado pela 119ª DP (Rio Bonito).
Mesmo dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, Jonathan comandou atividades criminosas do lado de fora.
Ele ameaçou, por um aplicativo de mensagens, em 2020, mototaxistas que haviam parado de pagar a taxa estipulada pelo grupo paramilitar.
Veja o teor de uma conversa de Jonathan a um mototaxista ocorrida em 2020:
“Irmão, por que o dinheiro das minhas vagas aí no ponto não foram esse mês ainda e o dinheiro dos pontos dos mtx aí do centro?”, ele pergunta.
O mototaxista respondeu: “Pô, Joaninha, o dinheiro não foi ainda porque o movimento caiu muito e os caras da apetran (agentes de trânsito do 35º BPM, de Itaboraí) estão sufocando muito as motos”.
“Já disse que isso é problema de vocês. O meu dinheiro tem que seguir lá na família”, continuou Joaninha.
“Mas, você acha justo a gente trabalhador não ter o dinheiro para dar e por isso, morrer? Quase dois anos a gente te pagando certinho, agora que ficou fraco, por não ter você fala em nos matar”, lamentou o mototaxista.
O miliciano não aceitou a justificativa: “O dinheiro sempre seguiu certo. Agora eu fui preso e começou a palhaçada. Se o dinheiro não chegar lá na família, essa semana eu vou mandar matar 2 e sumir com vocês todos aí/’, ameaçou.
Após o aparelho ser encontrado, Joaninha admitiu que o usava e foi colocado em isolamento no presídio.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), semanalmente os mototaxistas de vários pontos da cidade são obrigados a pagar R$ 250 à milícia.
De acordo com a 71ª DP, existem informações de que Jonathan e os familiares vinham sofrendo ameaças e algumas ações do tráfico de drogas de Itaboraí.
Após ele sair da cadeia, ele deixou a cidade e foi para Rio Bonito há 3 meses.
Os feridos
No ataque, além de morte de Jonathan, cinco pessoas ficaram feridas, sendo dois homens e três mulheres que estavam no restaurante.
Algumas de raspão e outras pelo ricochete da bala.
Elas são: Aliomar Guimarães (Baianinho), Carla Verônica Campos, Luis Antônio Braga, Nayara Dias e Maria Fernanda Mota. Baianinho levou um tiro no abdômen, foi operado, recebeu sangue e se encontra entubado e tem quadro de saúde estável, segundo informações do Hospital Regional Darcy Vargas, em Rio Bonito. Os demais receberam atendimento na unidade e foram liberados.
Investigação
A Polícia investiga ainda o envolvimento de pelo menos seis pessoas no ataque.
Até o momento, oito pessoas prestaram depoimento e imagens de nove câmeras da região foram recolhidas e estão sendo analisadas.
Segundo o órgão, um comparsa, que tinha sido preso com Jonathan e fora solto também, foi alvo de um ataque em Itaboraí.
A Polícia quer saber se o mesmo grupo que matou Joaninha atentou contra a outra pessoa em Itaboraí.
Há suspeita de que o ataque tenha sido motivado por disputa territorial de milícia e o tráfico na cidade.