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Iphan reafirma paralisação das obras no Canal de Itaipu
Iphan reafirma paralisação das obras no Canal de Itaipu
Iphan reafirma paralisação das obras no Canal de Itaipu
Foto do autor Pedro Menezes Pedro Menezes
Por: Pedro Menezes Data da Publicação: 19 de julho de 2025FacebookTwitterInstagram
Foto: Reprodução

As obras de desobstrução e recuperação do Canal de Itaipu, em Niterói, seguem interditadas por determinação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Em nota divulgada para A TRIBUNA, o órgão federal reiterou a necessidade de aprofundamento nos estudos sobre os impactos da intervenção sobre o patrimônio arqueológico da região, e afirmou que as atividades seguem suspensas até que sejam cumpridas todas as exigências legais.

Segundo o Iphan, a área onde ocorrem as obras é reconhecida pela presença de importantes sítios arqueológicos, terrestres e subaquáticos, como os de Itaipu, Duna Pequena, Camboinhas e o naufrágio Camboinhas.

Por isso, qualquer intervenção depende de autorização específica e da realização de estudos arqueológicos preventivos, como prevê a legislação.

O Instituto afirma ainda que, até o momento, os pareceres emitidos são preliminares e não autorizam a continuidade dos trabalhos.

O Iphan também cobrou a apresentação de um projeto de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico e reforço no cercamento do Sítio Arqueológico Duna Grande, identificado em vistoria recente.

Inea vai na contramão

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), responsável pelo licenciamento ambiental da obra, afirmou que o projeto trata da recuperação de estruturas já existentes, sem novas intervenções, e foi aprovado pela Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA).

O Inea declarou que não há registros de sítios arqueológicos na área diretamente afetada e que os canteiros de obras foram instalados em áreas já antropizadas. O órgão também informou que realiza vistorias para garantir que os trabalhos estejam sendo executados conforme o escopo licenciado.

Procurado por A TRIBUNA, o Inea não informou se consultou o Iphan antes de liberar o licenciamento da obra. Segundo informações, o instituto teria dispensado a consulta por se tratar da reconstrução de uma obra já existente e a norma que determina a necessidade de ouvir o Iphan seria posterior ao início do processo.

Já a Prefeitura de Niterói, que assumiu a condução do projeto diante da urgência ambiental, alega que vem mantendo diálogo com o Iphan desde 2024. O Executivo municipal destaca que, em parecer de abril deste ano, o próprio órgão federal teria reconhecido a inexistência de bens culturais dentro da Área de Influência Direta (AID) da obra, apesar da presença de sítios próximos.

A prefeitura também informou que toda a documentação técnica foi encaminhada ao Iphan, mas que a análise do material foi prejudicada pela greve dos servidores federais, iniciada em abril.

A paralisação foi formalizada em 1º de julho, dias após uma vistoria realizada pelo Iphan no local, sem a presença dos arqueólogos responsáveis pelo monitoramento. Para a prefeitura, a suspensão agrava a degradação do sistema lagunar de Itaipu, com prejuízos à biodiversidade e à população local.

O município aguarda um parecer definitivo do Iphan/RJ e afirma que manterá o diálogo institucional para viabilizar a retomada da obra, considerada essencial para a recuperação ambiental da região.

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