Era uma noite chuvosa na última quinta-feira (27), quando a residência de um jornalista, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, foi alvo de uma nova invasão. O crime ocorreu às 20h40 e é, segundo ele, o quarto episódio de violência recente registrado na região próxima à Rua Eurico Aragão, incluindo tentativas frustradas de arrombamento e dois furtos consumados.

Imagens de câmeras de segurança obtidas pelo jornal A Tribuna mostram o criminoso circulando calmamente pelo quintal antes de entrar na casa. Segundo o jornalista, que não quis se identificar, desta vez o criminoso teria conseguido abrir o portão principal sem sinais evidentes de arrombamento.

O detalhe de como ele acessou o imóvel foi preservado a pedido do próprio morador. A única certeza é que a sensação de insegurança, que já era constante, voltou a se intensificar.

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A nova invasão aconteceu enquanto ele e a esposa estavam em casa. A cadela da família foi quem alertou sobre a presença estranha no terreno. Quando ambos acessaram as câmeras, flagraram o invasor já dentro da propriedade.

“A cachorra deu o alerta de novo. Aí quando eu fui ver na câmara, dessa vez ela gravou ele entrando. Aí a gente falou: ‘tem alguém aqui dentro!’. Quando ela foi trancar a porta da cozinha, ele estava olhando”, relatou.

A reação imediata do casal foi trancar o quarto e acionar a Polícia Militar e o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP). Ao mesmo tempo, moradores da rua foram alertados por mensagens em um grupo comunitário e correram até a casa para prestar apoio.

A mobilização conjunta foi suficiente para afugentar o criminoso, que furtou apenas uma escada grande de alumínio, avaliada em R$ 800, antes de fugir pelos fundos. Com o equipamento, tentou ainda invadir a casa vizinha — sem sucesso — e teria escapado em direção a uma clínica veterinária próxima.

“Quero destacar a rapidez da polícia e a presteza do CISP. Dessa vez, eles foram muito corretos, muito bacanas”, reconheceu o jornalista.

Prisão de suspeito reincidente

Após a sequência de invasões, a Polícia Militar conseguiu prender Cássio Cruz Ferreira, de 35 anos, detido por uma equipe do 12º BPM (Niterói) por volta das 13h40, na Avenida Raul de Oliveira Rodrigues, após ser reconhecido andando na região por uma moradora.

"Eu estou dirigindo. Eu estou nervosa. Ele está entrando na ciclovia, na esquina do restaurante Dona Graça. Ele está entrando na reciclagem", disse a denunciante no grupo comunitário.

Vizinhos o identificaram como o autor de diversos furtos e roubos ocorridos nas últimas semanas em várias ruas de Piratininga. Ele estava com um portão preto desmontado.

De acordo com o relato de moradores e levantamento feito pela PM na 81ª DP (Itaipu), Cássio é apontado como responsável por diversos arrombamentos, inclusive em imóveis localizados nas imediações da Rua Eurico Aragão. Segundo a corporação, ele já havia sido preso no sábado (28) pelo crime de invasão ao ser flagrado pelos agentes furtando uma residência, mas acabou solto após audiência de custódia.

Na ocasião, ele tentou arremessar uma bicicleta e um botijão de gás por cima do muro. A Polícia Militar foi acionada por transeuntes que suspeitaram da movimentação no imóvel, localizado na Rua Professor Altamiro de Castro com Rua Salomão Vergueiro da Cruz. 

Cássio já possui cinco anotações por tráfico de drogas, uma por porte ilegal de arma de fogo e outra por roubo. “Ele, inclusive, foi reconhecido por testemunhas de outras ruas e a esperança é que ele fique preso, porque segundo o levantamento da própria PM, lá na delegacia, ele já foi preso em outra ocasião aqui por assaltar várias casas e foi solto”, disse o jornalista.

Procurado pela reportagem, o delegado Deoclécio de Assis informou que determinou a instauração de inquérito policial. Apesar de não haver situação flagrancial, ele representará pela prisão preventiva de Cássio.

Grupo de suspeitos também foi flagrado

Pouco antes do episódio, outra câmera de vigilância de outra rua registrou a presença de três homens usando toucas ninja e casacos com capuz, observando uma casa próxima, aparentemente estudando o movimento para decidir se poderiam agir. Embora não tenham invadido o imóvel, o registro deixou os moradores ainda mais alarmados. O clima na rua é de cerco iminente.

Quatro episódios em sequência

A casa do jornalista já havia sido invadida, em 22 de junho, às 17h40, quando o criminoso pulou o muro enquanto o casal ouvia música. Na ocasião, uma bicicleta foi levada, e a movimentação intensa na rua por conta de um evento religioso foi apontada como fator que facilitou a ação.

“A gente estava dentro de casa. O cara pulou aqui com a gente dentro. Ou seja, o bandido aposta na impunidade mesmo. Isso foi ainda de dia, com o sol alto”, disse a vítima, na ocasião.

Dias antes, uma outra residência foi invadida enquanto os moradores estavam ausentes, e os vizinhos passaram a relatar movimentações estranhas e indivíduos desconhecidos circulando pela região.

Moradores da Eurico Aragão denunciam há meses a falta de policiamento e o aumento de crimes patrimoniais no bairro, que é de classe média alta e fica próximo à movimentada Avenida Francisco da Cruz Nunes. O jornalista é um dos principais porta-vozes da insatisfação local.

“A gente fica à mercê do vagabundo. Isso aqui não é favela, é área urbana completamente abandonada”, afirma.

Em resposta à A Tribuna, o comandante do batalhão de Niterói, coronel Leonardo de Oliveira, se comprometeu a reforçar o patrulhamento.